Uma deusa de longos cabelos prateados
foi derrubada no esplendor da alba,
gemeu como ave ferida de desejo
enquanto caída, cheia ainda de paixão.
Eu ia no corcel em que era espetada.
O corpo estremecia no mármore fresco
o olhar fixo no tronco do fogo,
os lábios húmidos sugando o sexo dos astros
uma roseira, erguendo-se agarrada às vozes.
Eu bebi o interior transparente das anémonas.
Como Heitor no carro doce da vitória
todos os cânticos no gume feérico da pele,
enquanto no elmo a cabeça ainda sadia
e o tronco indomado ainda garboso.