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Cronicas-->Da minha janela... -- 14/01/2005 - 11:30 (Maiesse Gramacho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Da minha janela...

Pela janela do quarto.
Pela janela do carro.
Pela tela, pela janela.
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado.
Remoto controle.
Adriana Calcanhoto

Da minha janela tenho vista privilegiada para outras tantas janelas.
Da minha janela, observo a movimentação na casa da moça solteira, como eu. Quando chego do trabalho ela já está em casa. Sem blusa, de sutiã, ela passa, despudoradamente, pra lá e pra cá. Lava louça. Atende o telefone. Sorri. Some por uns instantes para ressurgir já de camisola. Prepara alguma coisa para comer. Olha para o lado. Deve ver televisão. Depois, com prato e copo nas mãos, some novamente.
Da minha janela espio o rapaz musculoso, vizinho da moça solteira. Ele chega em casa depois de mim. Acende a luz, abre um pouco a cortina e a janela. Não abre muito, certamente, por causa dos pernilongos. Mesmo motivo que me faz deixar as minhas janelas, todas, fechadas. Ele tira a camisa e liga a TV. Se joga na cama, pega o controle remoto. "Zapeia".
Da minha janela, observo o vizinho que, assim como eu, gosta de jazz. Dinah Washington é uma de suas vozes preferidas (minha também). Ele chega em casa e a diva começa a cantar: I m home about eight, just me and my radio... Ain t misbehavin , I m savin my love for you...
Da minha janela, se coloco os óculos para corrigir a miopia, consigo enxergar, ainda, fragmentos da vida de um casal. Se casados ou namorados, não sei. Também nunca os vi fazendo coisas que me fariam corar, mas imagino que elas aconteçam atrás da janela que nunca é aberta, que tem blecaute e tudo. Só os vejo pela janela da sala. Riem, às vezes se beijam. Sentam juntos para ver televisão e comer.
Da minha janela, observo o rapaz de cabelos grandes que toca violão na varanda. Tem jeito de estudante da UnB, da música ou da sociologia. Geralmente usa uma camiseta vermelha, com a cara de Che Guevara estampada. Mora só. Quero dizer, tem um gato. De tarde, quando estou em casa, o vejo regar as plantas da varanda enquanto assobia uma ou outra canção de Chico.
Um pouco mais longe, vejo a janela do meu pai. Não consigo distinguir nada, mas sei quando ele está em casa ou não. De dia, quando a janela está aberta, dad´s at home; quando está fechada, he´s not. À noite, quando a luz está acesa, dad´s at home; apagada, he´s not.
Da minha janela, à noite, vejo o Parque Olhos D´Água afundado em escuridão. Gosto de ficar olhando, para além dele, os faróis dos carros que voltam para suas respectivas garagens, depois de mais um dia "útil". Imagino os maridos voltando do trabalho; as esposas chegando com as crianças do colégio; os filhos universitários indo para a faculdade...
Da minha janela, observo o fluir da vida na rua e em outros apartamentos.
E de todas estas janelas, se a distància permitir, pessoas podem ver uma jovem, sozinha, sentada à frente do computador - revezando o olhar entre a janela e o teclado. Não sabem que é sobre eles - todos eles - que ela pensa e escreve.
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