Deitada no sofá, lê um livro, escuta música. A casa vazia, sente-se em paz, tranqüila.
Conclui que nunca esteve tão bem consigo mesma.
Não depende de outros para ser feliz.
Esta mesma música, escutavam quando estavam juntos. Ela e o homem de olhos azuis.
Como era difícil, naquela época, imaginar a vida sem ele. O simples pensamento desta possibilidade costumava deixá-la em pânico.
Hoje, estava tudo superado. A companhia dele era realmente boa e reconfortante mas não fazia falta. Não mais.
Lembra-se dos passeios, dos carinhos, da troca de idéias, das palavras doces. Muitos jantares regados a vinho, luz de velas. Lembra-se das doces tardes de domingo quando liam, cada um seu livro, musica suave ao fundo, encostados ombro a ombro.
As viagens para a praia eram inesquecíveis. Gostavam das mesmas coisas: os mergulhos no mar, os banhos de sol, a caipirinha na praia, almoçar ao final do dia, jantar no meio da noite, acordar sem hora.
Nos dias frios, como o de hoje, gostavam de acender a lareira, conversar, convidar amigos, cozinhar em conjunto e tarde da noite, quando sozinhos, corriam para a cama e se amavam com força, com amor, com paixão. Lembra-se do corpo dele, firme, as mãos fortes, as palavras que dizia...
Que bom que ele não faz mais falta.
Ajeita-se no sofá. Porque será que não está confortável? Talvez buscando mais um travesseiro... Não tem mais vontade de ler.
A musica ao fundo...
Não se sente bem. Será que se ele voltasse sentir-se-ia melhor?
Num repente, sente-se só.
Sozinha, sem ele, arde em febre.
Tita
10/01/07
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