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Artigos-->A escola que forma líderes do MST -- 11/11/2002 - 11:49 (Don Pixote de la Pança) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"A escola que forma líderes do MST



HUMBERTO TREZZI

humberto.trezzi@zerohora.com.br



O paraíso socialista idealizado por Lênin, Fidel e Che Guevara tem uma legião de seguidores entre alunos de uma escola encravada em Veranópolis, a 130 quilômetros de Porto Alegre.



Na Josué de Castro, vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tudo é coletivo – do pão às hortas. A maioria dos 348 alunos da escola, para espanto de muitos moradores da cidade serrana, dedica parte do dia a cantar hinos com motivação revolucionária e, em ocasiões festivas, homenageia ícones de regimes comunistas.



Foi assim em 7 de setembro de 2000, quando Veranópolis promoveu um desfile de Semana da Pátria com o tema “O século 20”. Enquanto outras escolas abordavam questões relativas ao Brasil e vestiam os alunos com adereços verde-amarelos, a do MST desfilou sob a bandeira vermelha da extinta União Soviética, seguida de um estandarte com a figura do revolucionário russo Vladimir Lênin. Alguns estudantes usavam bonés camuflados, outros levavam cartazes com lemas da Revolução Russa, como “Terra, Pão e Liberdade”. Uma militante carregava numa mão uma foice e, na outra, um martelo. Alunos gritavam “Ocupar, produzir, fora burguesia”.



Zero Hora visitou a escola, chamada Josué de Castro e situada em um seminário desativado de capuchinhos. O local é sede do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), ligado ao MST. O endereço é dividido com uma universidade e com uma escola privada.



Na Josué de Castro, uns aprendem magistério, outros, técnica em administração cooperativista. São aulas teóricas na manhã e, à tarde, práticas. À noite, assembléias de discussão política. Entre outras atividades, os alunos recebem noções da vida daqueles a quem o MST chama “Lutadores do Povo”, pessoas que pegaram em armas pela causa da reforma agrária, como Fidel Castro e Che Guevara.



Proliferam entre os estudantes camisetas com a célebre foto do Che retratada por Alberto Korda e dizeres como “Não há fronteira nessa luta de morte” ou o conhecido “Hay que endurecer...”



– É a parte mística da formação. Aí acontecem também as rodas de violão e as canções e hinos – diz Antônio Julio Menezes Neto, doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que por dois anos fez incursões à Josué de Castro, resultantes em uma tese de doutorado.



Ele explica: a Josué de Castro foi criada para formar líderes. Os estudantes são indicados pelo movimento, geralmente pinçados entre filhos de acampados que mostram liderança. A idéia é dar conhecimento técnico e ideológico para os jovens sem-terra de todo o país. Simpatizante do MST, Menezes rejeita o termo “lavagem cerebral”: segundo ele, os jovens já ingressam com posicionamento próprio.



Atos públicos são tarefa de casa



Faz parte da formação dos alunos da Escola Josué de Castro participar de acampamentos do MST e outros atos públicos.



– Os alunos assumem compromisso de participar das mobilizações do MST no Interior. Visitam acampamentos e recebem notas. Faz parte da formação dos militantes, algo com que concordo, pois simpatizo com o MST. Os sem-terra têm de mostrar que seu projeto dá certo também no campo de produtividade, já que as cooperativas vão mal das pernas – diz o professor Antonio Julio Menezes Neto.



Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor de uma tese sobre a escola do MST em Veranópolis, ele pretende transformar o trabalho em livro intitulado Além da Terra: a dimensão sócio-política do projeto educativo do MST.



Menezes acompanhou alunos do curso Técnico em Administração Cooperativista (TAC), que forma, ao lado do magistério, a espinha da Josué de Castro. A duração do TAC é de dois anos e meio, divididos em seis etapas de cinco meses. Cada fase inclui viagens a assentamentos e um estágio destinado a que o aluno “vivencie a realidade dos acampados ou assentados”. Os estudantes diagnosticam as condições do sem-terra. Depois, a direção do MST no Estado dá um parecer e uma nota pelo trabalho.



– As disciplinas são contempladas com um conteúdo socialmente crítico, ligado às lutas e às necessidades do MST – diz Menezes.



A maioria dos alunos vem de outras partes do país. Conforme levantamento de Menezes, mais da metade do contingente de alunos entre 1999 e 2001 (período em que acompanhou o TAC) vinham de fora do Rio Grande do Sul. No curso, eles aprendem a fazer geléias, pães e salgados, vendidos na cidade.



Menezes diz que, na maioria dos casos, os professores se oferecem para lecionar “por simpatia política pela luta dos sem-terra”. A triagem dos candidatos a alunos obedece à mesma disposição ideológica.



– Nas entrevistas, percebi que a maioria defende o socialismo e a coletivização da terra – neste último caso, aliás, em rumo contrário ao da base do MST, formada por pequenos proprietários rurais.



A escola é vinculada ao Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), ligado ao MST. O Iterra foi fundado em 1993 em Braga (noroeste gaúcho) e teve suas atividades transferidas para Veranópolis em 1995.



A escola funciona oficialmente desde 1997. Fazia parte de um roteiro chamado MSTour, que incluía passeio de um dia, com almoço e recepção com roda de chimarrão ou café, com palestra."





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