Lancei a voz ao vento
E o vento uivou vazio,
Feito poema triste
Escrito numa lingua morta.
Lancei a vida ao vazio
E a voz gritou grave,
Feito profecia violenta
Lida na espuma no mar.
Lancei a voz no vazio
Feito faminto fazendo prece,
E a vida veio de volta,
Feito chuva de furacão.
Lancei a vida ao vento,
Feito roupa no varal,
E a voz voltou valente
Feito ronco de trovão.
Lancei o corpo ao mar
Feito ave marinha cansada,
Vi o fundo, voltei à vida,
Ao vento, ao inspirar.
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