Usina de Letras
Usina de Letras
16 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50669)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->[...] e toda sorte de clichês. -- 29/03/2001 - 21:14 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Percorrer o usinadeletras é sempre uma viagem.



É o que faço todos os dias, pelo menos uma vez,

para desembarcar, mais adiante, no vazio. Diante

dele, não nos resta senão uma alternativa: preenchê-lo. De preferência, com mais um texto.

E a viagem continua. Estamos num site literário. Talvez o mais democrático de todos. É preciso que se diga. Motivo para estarmos sempre em festa.



Na página de entrada, hoje, de cara, um artigo / frase do meu grande amigo JÔNATAS MICHELETTI PROTES. Sei que ele não se importará com a minha rapinagem (o título acima). Sinal da inveja que me deu... Belo poder de síntese. Artigo exemplar. O máximo com o mínimo de palavras. Coisa que eu (e tantos) muito poucas vezes consigo (conseguimos). Nos artigos e ensaios, talvez por vício acadêmico, não consigo deixar de ser caudaloso, excessivo. Nos poemas, nos contos-curtos, nas frases e nos poucos textos de humor, tento aprender com poetas como o JÔNATAS. Gostaria de ser conciso com a mesma leveza. E com a mesma verdade. Um ensaio sobre este "Usyna dy Letras" poderia se chamar: "De como dizer menos pode ser mais".



Depois, mais uma agradável surpresa. É claro, não falo da qualidade do texto, que para mim de há muito deixou de ser surpresa, mas da volta da autora, minha grande amiga pessoal, que andou ausente por questões extra-literárias: "RE-MEMORANDO", um grande conto-curto. A autora,

MARCELINA M. MORSCHEL, com várias obras já

publicadas em papel impresso, vem nos brindando,

no site , com alguns de seus melhores textos no gênero. Entre eles - o leitor deveria ir correndo em busca desse manancial -, "Máscaras" e "A felicidade só nos finge", inegáveis obras-primas.



FÉLIX MEIER, com quem há algum tempo, por culpa do usina , venho mantendo uma muito produtiva troca de figurinhas, acaba de lançar um ensaio sobre um período difícil da história brasileira, essa desconhecida, e que ainda não foi superado. Em "A TV Lumumba e o AI 5", o autor relata os acontecimentos que cercaram a decretação (é assim mesmo que se diz?) do famigerado Ato Institucional número 5 (AI 5), resgatando atores, cenário e ações que, de outra forma, correriam o risco de se perder no esquecimento, seja por descaso (essa característica bem brasileira que é não ter memória - será que é isso mesmo?), seja por perniciosa deliberação do intelecto. Ensaio necessário. E imperdível.



K. SCHWARTZ, um autor que eu ainda não conhecia, e que também ainda não incluiu (como tanto outros) o seu currículo (indispensáveis referências), surge com um artigo interessante: "Resta o vazio (todo mundo pastou*)". Fala de coisas que todo mundo está sentindo, tentando dizer, manifestar. Há uma grande inquietação no ar e ela precisa ser formulada em palavras. Quanto a nós, cumpre fazê-lo literariamente (no melhor sentido). Gostei do formato escolhido. Um artigo conciso. Algumas poucas frases resumem um "pântano de salivação" (expressão do inesquecível Uilcon Pereira, de quem ainda quero lhes dar notícia num ensaio), que toma conta dos nosso olhos e orelhas. Está nos intermináveis programas de TV com auditório, nos talk-shows tediosos, nos jornais, em tudo. Uma insatisfação com a nossa qualidade de vida atual, para resumir. Com a qualidade do lazer que nos oferecem.



Mas o problema é que continuamos a permitir que o lazer, que o nosso tempo livre continua a ser administrado.



Há quem pense que a televisão seja algo inofensivo, que as coisas vão se ajeitando, que dá para melhorar, que seria possível uma televisão de qualidade. No que, está implícito, fica parecendo que não há mais como viver sem a televisão. E há.



A "sociedade do espetáculo" parece que vai atingindo um ponto de exaustão. Para falar o português bem claro, já está enchendo o saco de todo mundo para além de qualquer medida. Que bom!



O cineasta alemão Werner Herzog, em palestra proferida no auditório do Instituto Goethe, São Paulo, há coisa de cinco ou seis anos, declarou prever o dia em que as emissoras seriam atacadas (a paus e pedras) pelas populações enfurecidas.



Mas, para não gastarmos pedras e paus, eles que estão a requerer os nossos cuidados juntamente com tudo o que é da natureza, há um recurso poderoso, que esses debates infindáveis dentro dos próprios meios de comunicação, em especial a televisão (a raposa tomando conta do galinheiro), acabam praticamente tornando invisível. A televisão é um aparelho. E o botão de ligar também serve para não ligar . E, já que todo mundo acaba mesmo ligando uma vez ou outra, também serve para desligar . O silêncio que se segue é uma benção. Experimentem.



Vejam quanta coisa o breve artigo acaba nos trazendo em termos de reflexão. O artigo tem no título uma referência poderosíssima: os MUTANTES. Tenho notícia de que, fora do Brasil, eles se tornaram obrigatórios nos últimos meses. Alguém conhece? Ou: ainda se lembra? Perto do que foram os MUTANTES, a Rita Lee só poderia ter virado mesmo um bagaço da indústria da música.



Mas o que fazer, num restaurante, ou noutro local público qualquer (acontece até aqui na faculdade, na cantina), se ao mesmo tempo estão ligadas duas televisões em canais distintos, uma FM tocando algum pagode romântico ou um sucesso sertanejo, tudo isso formando um concerto improvável com o ruídos de um liquidificar ligado, ou de um espremedor de laranjas (se bem que eles ainda passam, duram alguns segundos e passam), o ronronar das geladeiras e freezers (contínuo), e a participação voluntária das pessoas, que passam a falar cada vez mais alto, a se enervar sem saber muito bem por quê? Caos.



Sobre o liquidificador e o espremedor de laranjas: ... eles não têm como saber mesmo o que fazem.



O resto todo, é "cosa nostra", como dizia o Jorge Ben da fase tropicalista, com o seu refrão depois funcionalizado pelo Sílvio Santos, em côro com as suas secretárias.



(e não é que Trio Mocotó está de volta?!).



Bem, tudo isso porque entrar no usina de letras é - sempre - uma viagem.



Tudo isso porque o artigo do Jônatas veio resumir uma série de coisas. Entre elas, a necessidade de que passemos a nos manifestar abertamente sobre as nossas viagens usineiras. Tudo isso porque, nos últimos tempos, tanta coisa parece a acenar nessa direção dentro do site.



Relembro o meu "Parafraseando Mîllôr Fernandes": "Muita gente acha que o usinadeletras é uma sala de bate-papo como outra qualquer. Eu também não."



Uma bobagem: ao escrever sala de bate-papo , eu pensei: sala de bate-boca . Talvez um link necessário.



Transformá-lo em muro de lamentações tampouco seria benéfico.



Palavra puxa palavra.



Que sorte!



Percorrer o usinadeletras é - sempre - uma viagem.



Sem volta.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui