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Cronicas-->Slowplaining ou Devagar com a louça -- 27/01/2005 - 10:39 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Veja mais==>>>História da Literatura do Médio Alto Alemão





















O Tim recebeu o texto, abaixo, por meio de um e-mílio, que ele já não sabe mais de quem:

_Vejam que boa sucessão de reflexões de um brasileiro que está entre os suecos há um bom tempo...ou, "I don"t want stay here, I wanna to go back to Bahia"

_ Já vai pra 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, causa em nós, aflitos por resultados imediatos - brasileiros, americanos, australianos, asiáticos- uma ansiedade generalizada... Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo... Os suecos discutem, fazem "n" reuniões, ponderações... E trabalham num esquema bem mais "slow down"... O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui... E vejo assim:

1. o pais é do tamanho de São Paulo;
2. o pais tem 8 milhões de habitantes;
3. sua maior cidade, Estocolmo, tem 1.000.000 habitantes (compare com Curitiba que somos 2 milhões);
4. empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia Nobel Biocare,... nada mal, não?
Para se ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA... Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários... Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles... Vou contar para vocês uma breve passagem, só pra dar noção...
A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, leve nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 20.000 funcionários de carro).

No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã perguntei:

"Vcs têm lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e vc deixa o carro lá no final..."
E ele me respondeu simples assim:
"É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar; quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Vc não acha?"
Olha a minha cara!!! Deu pra rever bastante os meus conceitos...
Slow x Fast
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week em sua última edição européia. A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it Now" (faça já). Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa: fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim: fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade", com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao global" - indefinido e anónimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor. Nesta semana, gostaria que você pensasse um pouco sobre isso.
Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem pressa" até para aumentar produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da qualidade do ser"?
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados ou algo assim.Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem, por igual. Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon... "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".



__Com os cumprimentos do Tim,
crente em santos nas procissões,
filho de uma lesma e
servo do Pipídio das Moças.


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