Era uma bela manhã de primavera. Ângela encontrava-se em frente ao espelho quando um fato inesperado mudou o rumo de sua vida.
Ângela era uma mulher esbelta. Pertencia à alta sociedade. Andava sempre bem vestida e seu maior prazer era promover festas em sua casa luxuosa, onde vivia com sua família.
Certo dia, levantou-se e, como de costume, tomou um banho. Logo em seguida, sentou-se em frente ao espelho para pentear seus longos abelos louros. Aos poucos, sentiu uma quentura alastrar-se por seu corpo. O ar parecia-lhe estar rarefeito. Olhou-se no espelho e viu sua imagem contorcida. Tudo girava em sua volta. Aquela manhã clara de primavera tornou-se cada vez mais escura...
Ângela acordou no dia seguinte em um quarto de hospital. Havia contraído uma doença que, segundo o médico, era incurável.
Ante a ameaça da morte, Ângela passou a analisar toda a sua vida. Percebeu o quanto fora medíocre. Descobriu que não soubera viver. Dera valor às coisas mais fúteis que existiam e esquecera-se da assência da vida. Embebida por interesses financeiros, não tivera a capacidade de amar. Toda aquela pomposidade de que estava cercada servira apenas como uma máscara que usou para esconder-se de si e dos outros.
Entretanto, a consciência da fragilidade de seu corpo e da efemeridade de sua vida encheu-lhe de uma grande motivação para viver. Queria fazer tudo o que não tinha feito, amar tudo oque não tinha amado, conhecer melhor as pessoas que lhe cercavam, buscar a sabedoria da vida.
Assim, a vontade de viver era tanta que Ângela conseguiu recuperar-se. Tudo à sua volta ganhou um novo equilíbrio. Uma terrível doença, que parecia representar a sua morte, fez Ângela redescobrir a vida.