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Contos-->AMIGAS PARA SEMPRE -- 21/09/2007 - 11:05 (Lorena Pagno Miranda) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Paula, Dora, Carla, Laura. Quase 30 anos. Casadas. Filhos pequenos. Moradoras do mesmo bairro. Vizinhas. Amigas.
Paula é a mais velha, três filhos, marido. A mais bonita. Porte arrogante, nariz empinado. Imatura, acha os seus, os filhos mais lindos e faz questão de dizer para os outros.
Dora, três filhos, marido popular. Prestativa, lutadora, vai em busca do seu espaço, mas tem um ponto fraco, a popularidade do marido.
Carla, três filhos, marido bem sucedido. Carismática, vaidosa. Movida pela emoção, nem sempre mede as conseqüências das suas palavras. Pode ser uma grande amiga, se não for contrariada.
Finalmente Laura. Dois filhos, marido. Inteligente, vaidosa, teimosa, guerreira. Para defender sua prole é capaz de atitudes surpreendentes.
Quatro mulheres, que em determinado período de suas vidas se encontram e tornam-se inseparáveis. Em comum elas têm os filhos, alguns com idades muito próximas. O cigarro, que com o passar do tempo uma a uma a partir de Dora até Laura vão abandonando, e o chimarrão, que em vinte anos de convivência continua sendo o elo de ligação entre as quatro. E a amizade, é claro, transformada em familiaridade, cumplicidade, terapia grupal.
Quatro vidas, vindas de quatro cidades diferentes. Todas do Sul. Duas catarinas, duas gaúchas, juntam-se e formam uma história comum, paralela às histórias individuais de cada uma.
Coincidência? É possível. Porém eu creio mais é em destino, ou pré-destinação, histórias de vidas passadas, interrompidas em algum momento, por qualquer motivo e que de repente se reencontram e criam uma nova história. A partir do passado, do presente, do futuro, em busca de concretizar um sonho, de terminar uma nova história.
Passados 20 anos, - a maioria dos filhos já saídos da adolescência, quase todos na universidade, em busca de realizar seus sonhos, - as quatro continuam amigas. Hoje numa relação mais legal, sem as antigas cobranças. O sonho da amizade verdadeira, que supera desavenças, diferenças, mas que continua impondo limites intransponíveis, o que as vezes balança as estruturas e as obriga a questionar.
Como pode durar tanto? O que as leva a suportar algumas coisas que nem dos maridos toleram? Será a solidão? A hora sagrada do chimarrão, mantida ao longo dos anos, mesmo indo contra a opinião de muitos que tentaram interferir? Ou será que isso tudo no fundo é apenas uma desculpa para mantê-las unidas em busca do essencial companheirismo que as mantém inseparáveis ao longo dos anos. Carla sempre trabalhou fora, além disso adora trabalhos manuais. Faz quase tudo que é possível fazer com as mãos. Borda, faz crochê, tricô, enfim, tudo que aparece de novo ou de velho ela procura aprender. Financeiramente é a que está melhor.
Paula cuida da casa, do marido e dos filhos. Foi a que mais engordou nesses últimos anos, continua bonita e orgulhosa. Faz muito crochê para preencher o tempo. Parece feliz assim.
Dora, que depois de casada nunca trabalhou, está experimentando isso aos 49 anos. Ainda em período de adaptação tem grandes chances de dar certo, pois é muito esforçada. Também faz trabalhos manuais, mas em se tratando disso é a mais preguiçosa, talvez por perseguir a perfeição.
Laura, aos 45 anos voltou a estudar, formou-se antes dos 50. Adorou a sensação de poder que oconhecimento proporciona. Hoje está em busca de novos espaços. Parece querer conquistar o mundo, mas a sua maior conquista é interior. O aprendizado a fez crescer, ganhar novos rumos.
As quatro têm algo mais em comum, continuam casadas com os maridos originais. Os filhos de todas ainda moram em casa. Ninguém se casou. O tempo disponível hoje é bem menor, mas sempre que possível arranjam um espaço para se encontrar, conversar, trocar idéias. Tomar chimarrão. Este é um retrato do que pode significar a amizade. A história resumida de quatro mulheres que se tornaram amigas inseparáveis.
Ou será que isso tudo no fundo é apenas uma desculpa para mantê-las unidas em busca do essencial companheirismo que as mantém inseparáveis ao longo dos anos.
Talvez nenhum sentimento seja eterno, mas ninguém duvide, de que a lembrança de tantos anos de convivência, permanecerá para sempre na memória de cada uma delas como algo muito especial.
Este conto, inscrito no 1º Concurso CCE (Centro de Comunicação e Expessão Visual) de Criação Literária na Universidade Federal de Santa Catarina, concedeu-me Certificado de Menção Honrosa, no gênero CONTO , em dezembro de 2002
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