Miragem
Viajante, há muitos caminhos a te esperar e
nenhum te pode ajudar. O caminho que deves
seguir, tu e só tu o podes construir.
Caminhante, não permitas que a miragem
estrague a viagem. Entrelaça o caminho com o
destino, coloca ali o melhor de ti.
Segue sereno, firme contente. Não desperdices
a vida inutilmente.
Procura a paz, a alegria, a harmonia que brotam da sabedoria.
Se obstáculos encontrares, a melhor forma de os
ultrapassares é aprender a voar, por cima deles passar sem a tua viagem perturbar.
Coloca no teu fazer a essência do teu ser, segue a voz da consciência, ela sabe bem o que melhor te convém.
Se ela disser vai por ali, não te afastes dali.
A estrada não está traçada, o caminho se faz ao
andar.
É caminhando que o caminho se vai mostrando.
A cada passo uma encruzilhada, que te pode
levar à sabedoria, à paz, à alegria.
Àquele lugar onde o mais longínquo de ti se
encontra com o mundo aparente, insipiente, e o
refaz na luz que ali jaz.
Mas a encruzilhada tem também o caminho que
não convém a ninguém. Abismos, precipícios,
vales profundos.
Quem ali cair, sofrimentos mil terá que passar
para dali sair. Encruzilhadas faceiras, que se mostram atalhos apetecidos para chegar mais.
rápido aos destinos escolhidos. É a miragem
que parece encurtar a viagem. A humanidade
caminha assim deslumbrada, fascinada por esses
atalhos, miragem, que estragam qualquer viagem.
E tão insana caminha, que ao sair de um abismo,
uns passos à frente, cai de repente noutro vale
profundo, onde a luz do mundo não pode chegar.
Quando aprenderemos a distinguir miragem de
caminho seguro, para o melhor futuro?
Pobre humanidade, que é capaz de transformar
um mundo tão lindo, tão cheio de graça em pura
desgraça.
Lita Moniz
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