NO JARDIM
Resplandece o jardim, de viço e de perfume!
Que rosas! Que jasmins! Que cravos! Tudo canta:
- Tu és a Primavera! És a vida! És o lume!
E a própria luz do sol que a natureza encanta!
Agita-se o jardim. Cada flor, com ciúme
das demais, estremece -e o cálice levanta,
por merecer-te o olhar, por se aquecer ao lume
de tua alma de musa, ao teu halo de santa!
E tu colheste rosas e deixaste o horto...
Desoladas ficaram, lânguidas e pálidas,
as flores que sobraram, murchas, desprezadas...
Enquanto as escolhidas, rubras, ao conforto
de teu regaço, estuam, trêmulas e cálidas,
ao aroma e ao calor de teu seio, embriagadas! |