Juventude!...
Ana Zélia
Medo, medo, medo...
É o tempo se fazendo presente no corpo, nos ossos, na alma...
O andar cansado, o arrastar de pé, o não se manter firme...
Medo, medo, medo...
Onde perdi a juventude, o fulgor de ser, viver, amar, vencer?...
Onde deixei ficar o que de mais belo tinha em mim: a esperança?
Vencer, vencer, vencer!...
Medo... Parece que a cada dia é um a menos e a morte se aproxima veloz numa corrida sem data marcada, mas certa.
Ah! Juventude! Como deixei que passasses tão rápida
perdida na ânsia de viver, vencer...
Podia ter sido inteligente e prendido você numa redoma sem o toque humano.
Idiotice precoce, és livre como os pássaros no céu,
loucos somos nós que não vivemos o tempo que nos resta.
Ah! Quanto amor eu perdi, podia ter dividido tanto,
multiplicado mais. Este preço inesgotável de amor latente.
Ah! Juventude! Perdida em besteiras, ilusões rasteiras,
beijos roubados, sonhos negados, desilusões, medo...
Maldito medo que não nos deixa viver, enfrentar o mundo,
as tormentas, tempestades, vendavais, burburinhos.
Tempo, tempo é hora de não perder nenhum segundo do que ainda temos.
Vida!
Força!
Esperança!...
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