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Contos-->O time dez -- 08/10/2007 - 16:42 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O time dez

Fernando Zocca

Naquela manhã de segunda-feira, quando se apresentava um céu lindo de brigadeiro, sentia-se a temperatura em torno dos 20º, e a aragem fresca revolvia os caracóis dos cabelos da morena dengosa, caminhante na calçada do Cepo, lá naquele boteco mais famoso de Tupinambicas das Linhas já se reuniam Van Grogue, Luíza Fernanda, Kol da Mumunha, Alan Bança e Alan Bik comentando o assunto do momento: a vitória do Esporte Clube 7,5 de Novembro sobre a Ponte Branca Futebol Clube.
O Esporte Clube 7,5 de Novembro estava, à semelhança do sujeito pendurado na borda dum penhasco, novamente em perigo do descenso à divisão inferior. De novo!
Todos tinham opinião formada sobre o resultado do prélio e Van Grogue considerou a hipótese de ser aquela última partida de domingo, um jogo de compadres, a mais provável justificativa para o sucesso do 7,5 que desconhecia o que era vitória há muito tempo.
A derrota do 7,5 representaria um pisão nos dedos de quem se agarrava à beira do abismo, mas o adversário, talvez pensando em capitalizar um favor a ser recebido no futuro, concederia o êxito ao já tão degradado 7,5 de Novembro.
E quando o 7,5 de Novembro estava assim, naquela fuzarca infernal, a rinite do Van Grogue recidivava: o narigão intumescia, coçava e gotejante tinha que ser enxugado a todo momento. Era um desgosto só.
Van além de vivenciar aqueles dramas todos do esquadrão macilento, sofrer com a problemática da saúde, padecia também com a questão da concubina (desvairada pelas contas impagáveis), que abandonada, acionava a justiça pedindo reforço nas verbas que julgava ter direito.
Grogue (para se acalmar) lembrou-se das palavras do advogado que consultara sobre pensão alimentícia; tinha ciência que a ação fundava-se em dois pilares básicos: o primeiro era a necessidade do alimentado; e o segundo, a capacidade do alimentante.
Ora, se o Grogue pobre vivia ao léu, sem ter de onde tirar toda aquela fortuna reclamada como faze-lo pagar? Porém isso não importava àquela raposa rabuda credora: ela queria dinheiro. Se Grogue não lhe desse, não haveria sossego.
Nesse clima inibidor de qualquer possível prazer que pudesse proporcionar a ingesta da lisa na presença dos amigos queridos, Grogue pôde perceber a entrada de um casal maneiro que, sorridente, sentou-se à mesa perto da janela pedindo a bia refrescante.
Grogue sentiu uma cotovelada na altura do fígado enquanto Luiza Fernanda murmurava:
- Conhece a dupla ai?
Antes que pudesse dizer que nunca tinha visto aquelas pessoas Luiza arrematou:
- Ele é o Daniel e ela a Gabriela. É como se fossem Lampião e Maria Bonita. Gente braba!
Sem desejar desenvolver atitudes que pudessem causar alteração no ambiente o Grogue nobre solicitou à tia Lucy mais um copo da dindinha, mas que tivesse ele “dois andares”. E para que lhe sorrisse a sorte, tascou dentro da alpista dois grãos de milho. Aos curiosos Grogue informava ser aquele gesto uma simpatia da boa.
Tudo transcorria na paz, mas como a alegria de pobre dura pouco, logo ali daquela mesa vizinha não tardou a emergir um som esquisito, inusitado e causador de arrepios na galera pacífica. Daniel e Gabriela sacaram de uma bolsa grande de plástico requintado uma espécie de aparelho portátil de som que, colocado sobre a mesa, passou a emitir o hino da Ponte Branca Futebol Clube.
Aí, meu amigo, minha amiga e senhoras donas de casa: instalou-se o maior quelelê. O banzeiro se alastrou quando, percebendo a oposição dos freqüentadores, a dupla do cangaço, indignada, clamou estarem numa democracia e por isso ninguém os faria desligar o hino que desejavam ouvir.
Luiza Fernanda queria partir pra cima da dupla cangaceira, mas contida à tempo por Alan Bança e Kol da Mumunha, só pôde ofender (de longe) a progenitura dos incréus pela negligência que os fez surgir sobre a face da terra.
Tia Lucy ameaçou fechar o boteco e chamar a polícia se os ânimos não se acalmassem.
Mas, sem o clima tranqüilo necessário para que a audição do hino lhes desse prazer, partiram Daniel e Gabriela, carregando a tralha, rumo ao acaso que lhes reservava o destino.

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