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Contos-->ÔNIBUS VAZIO -- 14/03/2001 - 18:36 (Eustáquio Mário Ribeiro Braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando entrei naquele ônibus vazio, passei pela roleta e procurei por um lugar para me sentar mas todos os bancos estavam ocupados não poderia imaginar o que estaria para acontecer...

Havia deixado vários lugares vazios na frente, pois estes bancos são reservados aos idosos, gestantes e portadores de deficiência física. Todavia, quando dirigi os meus olhos torpes adiante quedei-me assustando; tive que segurar bem firme nas barras superiores, além de me agarrar ao banco que estava ao meu lado. Mesmo assim, quase cai; um abismo se formou no meu pensar poético; comecei a recitar em pensamentos versos a esmo. O dia estava claro e o sol tornava transparente um fino tecido que não sei bem ao certo qual a sua qualidade; eu chamaria de cetim. Então nuvens de cetim floresceram no meu olhar sob as lentes já suadas dos meus óculos. acidentes de percurso são uma constante, por isto o meu olhar tentava se esquivar sem sucesso. Não sou este tipo de homem indiscreto, mas a vontade de ver bem mais do que já havia visto entorpecera a minha mente libertina.

Ela era loira com um lindo olhar prateado sabor relva seca; mas como mudava a cada instante. A rotatividade do coletivo era grande e eu me quedei inerte, em pé, naquele mesmo lugar ornado de poesia e luz ao qual me apoderei. Entravam e saiam pessoas do ônibus e eu nem percebia, apenas ouvia vozes misteriosas dizendo: veja. Não obstante, não conseguia ir adiante, pois me excitava a sensação fria de escurecer o meu olhar para poder apenas imaginar o que havia de tão atraente naquela direção. No sobe e desce de ladeiras o carro balançava e eu, sem querer, via mais centímetros daquelas pernas perfumada de sol. Fiquei contemplativo e pedia em voz inaudível e/ou em pensamento que ela escondesse de mim tal objeto do desejo. Objeto? Nem sei o porquê que usei esta palavra. Creio que, deve ter sido força do hábito, pois não sou de ficar ridicularizando algo que de mais belo fora colocado em tão delicioso lugar. Gostaria de saber como Poeta maior adivinhou que ali era o local perfeito para colocar algo; ou tirar, depende do ponto de vista. Ponto de vista! Que ótimo toquei neste assunto: que excelente ponto de vista eu tinha diante do meu círculo que os deuses traçaram para mim. Se o calor lá fora era infernal, imagine o calor mental “ in corpóreo” que se formou dentro do meu fútil ser carnal. Ela olha de relance. Tua visão estava no raio de alcance. E no ritmo do balanço do carro foi inevitável um encontro de nossos desejosos olhares. Minhas pupilas traiçoeiras se acovardaram, não entendi de princípio, porém tive que lhe dar razão. Quanto mais distantes bem mais e melhor podemos enxergar e, cada um de nós precisava se esvaziar para haver um recíproco preenchimento. Era a junção da fome com a vontade de comer; o desejo e prazer; o lúdico e o sensual; o pudico e o libertino. Todos trepando em olhares; até as meninas dos nossos olhos se paqueravam; uma mais tarada perdeu a calcinha de renda e ofereceu logo a prenda. Mesmo assim, ficamos inertes no lapso de tempo de apenas alguns minutos que pareciam horas...

Descemos juntos e no mesmo ponto e não sei se por força do destino iríamos no mesmo lugar; acho que tínhamos o mesmo destino, até o de nos encontrarmos, e por única e exclusiva culpa dos nossos animais desejos, um romance em plena luz do sol. Tem hora que dispensamos a conversa. A comunicação dos olhares fora substituída pela dança dos corpos que se encontraram sem timidez e se entregaram em carícias ao pé de um ipê roxo, amarelo, branco; não posso mais precisar a cor da flor enquanto tinha toda uma árvore me cedendo os seus galhos louca de desejos que uma alma caridosa feito a minha pudesse lhe trepar. Corpos se tocavam via nos olhares inibidos, desejos da libido esculpidos nas sombras das acácias onde pássaros também excitados flutuavam em cópula com suas fêmeas em pleno vôo atracados. Naquele momento tentei disfarçar-me dos meus desejos indecentes, mas naquela altura, aliás que altura, era impossível, parecia que para ela era tudo muito natural. Todavia, as coisas começaram a esquentar bem mais. Via a cada toque a febril vontade nos clareando, querendo saciar-se da fome. E alimento ela tinha e muito para me dar. Talvez, teria tido também esta vontade e certamente teria retribuído sem pensar ou sentir-me culpado. Ela se aproximou para mais perto. Acho que já estava nervoso. Creio que o amasso estava gostoso para ambos. Não pude perceber se ela gostava ou recriminava as minhas reles atitudes de macho no cio. Também dali não se afastava. Ele, o membro, esperto se findou ereto. Ela se pôs em corpo reto. Deixamos apenas a imaginação vagar e reportamos ao ônibus que havíamos descido, e nos pomos a balançar e mexer pensando naquele ônibus que se mexia pelos dois. O desejo ficou no ar e impregnado em suas roupas íntimas . A excitação esteve no ar e não se pode atenuar, naquela louca vontade de transar. Mas o que valeu foi a imaginação naquele fetiche de lotação. São inúmeros casos e contos de amor e desejo que são desejados, mesmo que desajeitados em um simples ônibus vazio ou lotado. Para alguns pode ser assédio, mas para outros são taras ou atração normal de se acontecer, quando se deseja ou tem prazer. São coisas que acontecem em lotação. O prazer dos corpos não escolhe cara, nessas horas ou minutos de tara sem demora.

Voltando para debaixo daquela árvore, onde os dois novos amantes se conheceram intimamente. Procuro o que restou daquele encontro e... E segue o ônibus vazio da minha vida sem destino, com vários itinerários e viagens a fazer, talvez, em sonhos e delírios a viajar nas viagens em ônibus vazio ou lotado...


Eustáquio Braga
THA©KYN – 14/03/2001

http://www.fjp.gov.br/thackyn

thackynn@fjp.gov.br

thackyn@yahoo.com.br


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