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Contos-->O CONSERTO DA TV. -- 23/10/2007 - 17:14 (HENRIQUE CESAR PINHEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Tinha um amigo, funcionário da antiga Teleceará, por trabalhar em telecomunicações, achava que entendia de conserto de aparelhos elétricos e eletrônicos. Assim, nas horas vagas, principalmente nos fins de semana, fazia bico consertando aparelhos de televisão.
Num sábado à tarde, saiu para consertar a televisão de uma senhora, no Bairro do Benfica, aqui mesmo em Fortaleza, numa travessazinha perto da antiga Escola Técnica Federal do Ceará.
Na realidade, o sujeito não era técnico coisa nenhuma; apenas curioso. Como disse, por trabalhar na Teleceará, quebrava o galho quando o defeito era uma coisa besta, tipo um fusível queimado, vamos dizer assim: uma fratura exposta, que qualquer leigo mais observador descobre.
Pois bem, nesse dia ele foi lá na casa de uma senhora bastante idosa, e acho que por isso pensou que o golpe seria fácil. Faria uma gambiarra qualquer, estava pronto o serviço e faturada uma grana. Depois era ir embora, curtir o resto do sábado: cachaça e mulher, com dinheiro no bolso.
Começou a trabalhar, no conserto de um aparelho de televisão Telefunken, preto e branco. O Aparelho devia pesar umas duas toneladas, muito antigo ainda era de válvula. Mexe para cá, mexe para lá, nada de conseguir consertar a televisão. Depois de muito tempo e muito mexer, a televisão começa a funcionar; precariamente mas funcionou. Como a imagem estava retorcida ele apelou para a antena.
Virou a antena para todos os pontos cardeais e nada. A imagem continuava retorcida e chuviscada. Sem saber mais o que fazer, apelou para o velho bombril - com suas mil e uma utilidades, que na realidade só conheço duas: um para lavar louça; prato; panela; outra ajudar na antena quando a imagem da televisão não presta, que colocou na ponta da antena tentando melhor a imagem. Isso também de nada serviu. Finalmente, já desesperado socorreu-se de uma lâmpada fluorescente para improvisar uma antena. Dois fios foram amarrados nas extremidades da lâmpada, metidos na televisão no local destinado à antena. Não deu certo. A imagem continuava péssima. Por fim, sem obter sucesso, deixou a televisão do jeito que estava e apelou para malandragem.
Chama a senhora e diz:
- Pronto. O conserto terminou e a televisão está ótima. Consertada só no jeito, com se diz por aqui.
- A velhinha olha e comenta que a imagem está toda retorcida.
- Sem perder a esportiva, o técnico retruca: “Não. Este sujeito eu conheço, e ele é torto mesmo. Por isso a imagem aparece desta forma, mas logo, logo melhora.”
A coitada da velhinha se convence e paga o serviço.
O sujeito mete o dinheiro no bolso e sai. Quando chega na esquina ouve o chamado da coitada, que gentilmente pede para ele voltar e ver o que estava acontecendo.
Aqui vamos fazer um comentário para melhor entendimento do causo. Em décadas passadas proliferaram no Brasil os programas de auditórios, tanto nacional como local. Aqui mesmo no Ceará tínhamos vários imitadores de artistas nacionais. Um até se intitulava Chacrinha do Nordeste. A submissão aos centros mais adiantados é tão grande, que mesmo o Chacrinha verdadeiro sendo nordestino, o daqui dava demonstração de inferioridade, intitulando-se daquela forma, mas isso não nos compete agora. O causo é outro.
Portanto, voltemos ao nosso tema. Os programas proliferavam e outro programa local era o do Augusto Borges, com o Show do Mercantil, que era apresentado – se fosse hoje acontecia e não apresentado ou realizado, justamente nos sábados à tarde. Na hora que o sujeito disse ter consertado a televisão e comentou sobre o sujeito que aparecia na tela, era intervalo do programa.
O azar do técnico, foi o programa voltar antes dele ter sumido da vista da pobre senhora. Quando o programa voltou ao ar, a velhinha estava esperando para assistir e ao aparecer o Augusto Borges, de imediato ela se levantou, correu para a porta na tentativa de encontrar ainda o salafrário e vendo-o na esquina, chamou o rapaz de volta, que meio desconfiado veio ao encontro dela e ela lhe disse:
- Esse aí, e aponta para a televisão, é o Augusto Borges. Ele eu conheço e não é torto, não. Portanto, pode logo me devolver meu dinheiro, que você não sabe consertar é nada.
Meio envergonhado, pois antigamente mesmo as pessoas que viviam de aplicar golpes tinham vergonha, foi o jeito devolver o dinheiro e se mandar, antes que as coisas se complicassem mais.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
OUTUBRO/2007
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