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Contos-->N A C I O N A L -- 14/03/2001 - 18:52 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estavamos na praça pública naquela noite agradabilíssima. Eramos seis.Os assuntos fluíam naturalmente. Todos podiam falar. Isso era um exemplo de democracia. Mas depois de algumas horas, parece que o sentido geral foi ficando cada vêz mais grave. Mais sério. Então abordou-se o tema da politica vigente naquele país enorme. Um professor catedrático foi afirmando que no Brasil vigia o clientelismo. Isso mesmo, desde os tempos imemoriais, por razões diversas, predominava nas relações entre os governos e seus súditos, o paternalismo.
Um outro considerado que estava compondo aquela rodinha de conversa, e que tinha a profissão de barbeiro foi logo concordando:
- Eu também acho que prá se ter sucesso aquí em nosso país é necessário termos um padrinho bom.
O professor emendou:
- Nossa história está repleta de fatos que confirmam essa teoria. Mas suas causas estão no âmago, no princípio de tudo; de toda nossa vida como país, como nação.
Eu fui ficando, sabe, meio intimidado com aquelas palavras. Me sentia assim meio que inibido. Mas não me deixei levar pela vontade de não ouvir mais nada.
Eu falei:
- Mas doutor, o povo está se queixando que esse modelo econômico tem feito muitos pobres. Tem excluído muita gente do mercado consumidor.
Ele falou:
- Podemos fazer uma comparação: O atual governo federal com os anteriores a ele. Vejam o que ocorria no comando do sr. José Sarney. Qual era a inflação daqueles tempos? Seria 5.000% ao ano ou um pouquinho menos?
O barbeirinho disse:
- Eu conhecí uma senhora que vendeu um apartamento para colocar na poupança o dinheiro e viver de renda.
O professor então prosseguiu:
- No tempo do sr. Fernando Collor, houve um fato nunca antes presenciado na história econômica da República: o congelamento das poupanças.
- Eu me lembro. - Disse o barbeirozinho.
-É isso mesmo. Teve gente que se deu tão mal que morreu. - Completou o professor.
Aí eu disse:
- Tá certo. Vejam só o que acontecia com as pessoas que precisassem de uma linha telefônica. Era um sufoco. Não tinha. Era demorado em se conseguir. Hoje, temos telefones celulares.
- Graças à privatização! - Concordou o mestre da tesoura.
O professor continuou: - Bem, para vocês terem uma idéia do que era inflação, vamos raciocinar dessa forma assim, um exemplo. Se eu ganhasse R$100,00 por mês, teria depois de trinta dias com o mesmo dinheiro na minha mão, o poder de compra de somente R$20,00, por causa daquela política economica. Percebe?
O contabilista que fazia parte da rodinha disse:
- E hoje nós temos fábricas de automóveis. Estamos em pleno desenvolvimento das tecnologias ligadas a informática. Temos Internet. Podemos nos comunicar com qualquer cidadão do mundo. Estamos praticamente nos enturmando com o pessoal que produz tecnologia, que tem industria de ponta. É mano. Não é mole não!
Aí um gordinho que usava aquelas sandaliazinhas de couro ensebado disse:
- Mas péra aí. E os pobres? Essa política aí toda tem feito milhões de excluídos. É verdade ou mentira?
O professor falou então:
- Veja bem: os pobres sempre existiram. Os pobres sempre existirão, independentemente de qualquer política econômica.
- Mas então não devemos nos deixar conduzir por imperialistas exploradores.- Atacou o gordinho.
- Nós temos que fazer opção por modelos de produção. Está mais do que provado que aquele existente na extinta União Soviética não conseguiu sobreviver e satisfazer as necessidades dos seus governados. - O professor tossiu.Sufocou-se com a fumaça do cigarro que o gordinho lhe bafejara no rosto disfarçadamente.
Aí eu falei: - Não seria bom que se misturasse um pouco de capitalismo com comunismo?
O professor arrematou: - Aí está! A tendencia nos países produtores de tecnologia é essa. Não interessa de forma nenhuma o sofrimento que a pobreza propicia. Não é louvavel sabermos que nossos irmãozinhos passam por necessidades enquanto que nós viajamos de jatos e passeamos em carrões importados.
Aí o contabilista falou: - É por isso então que por enquando devemos nos engajar nesses movimentos de voluntários, prestar nossos serviços para os mais necessitados? Fazer parte de alguma ONG que minimize a miséria?
-Exato. - Concordou o professor.
O gordinho com seus artelhos de fora implicado que estava com a direção da conversa foi dizendo: - Bom eu tenho que ir embora que já são onze horas, se eu perder esse ônibus só amanhã de manhã.
O comerciante que até aquele momento não dissera nada falou: - Muito cuidado gordão. O Ministério da Saúde adverte: fumar faz mal à saúde.
O gordinho meio sem jeito foi saido e dizendo: - Num tô nem aí. Que se foda o mundo ...
A reunião havia terminado.
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