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Artigos-->Mau Exemplo -- 15/11/2002 - 00:46 (Marcelo Luís Militão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Me parece que esse mês vai estrear o segundo filme do Harry Potter. Junto com o filme, provavelmente vai reestrear a polêmica em torno do tema do jovem bruxo órfão: Harry Potter está ajudando a desvirtuar a cabeça das crianças e jovens que são seus fãs?

Você já deve saber de que se trata a história, mas vou resumi-la para quem não sabe.

Vinte anos antes do início da história contada no livro, um malvado e poderosíssimo bruxo disseminava o terror entre os bruxos e trouxas (“trouxas” é o termo usado por J.K. Rowlling para designar quem não é bruxo). Matava a torto e a direito, com fome de poder e nada parecia ser capaz de detê-lo e a seus seguidores. Contra ele, haviam bruxos que combatiam-no disfarçadamente, e seu pior oponente entre os mocinhos era o professor Dumbledore. Mas um não era capaz de derrotar diretamente ao outro, e o malvado bruxo parecia estar vencendo a luta. Um belo dia, Lord Voldemort resolve acabar com a família Potter. Mata Tiago Potter e Lilian Potter, pai e mãe de Harry. Quando Voldemort tenta matar o bebê Harry (que não tinha ainda nem um ano), o feitiço maligno destrói o tenebroso bruxo, deixando no bebê apenas uma cicatriz. O povo bruxo todo comemora a derrota de Voldemort, e Harry, ainda bebê, vai morar com os tios trouxas, que odeiam essa história toda de bruxaria, e nunca contam ao sobrinho que ele é um bruxo. Harry vive até os onze anos num quarto que na realidade é um armário sob a escada da casa, um tanto oprimido pelos tios que apenas lhe garantem a sobrevivência e nada mais. No dia do seu décimo primeiro aniversário, Harry descobre que é bruxo, entra na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e descobre que é famoso por ter derrotado o mais malvado e poderoso bruxo que houve, embora não tenha a menor lembrança ou faça a menor idéia de como fez isso. Lá ele faz grandes amigos, grandes inimigos, tanto entre colegas como entre professores, descobre mais sobre seu passado, e enfrenta Lord Voldemort todo fim de ano letivo. E, claro, descobre os milenares segredos dos bruxos, como o uso de plantas, defesas contra artes das trevas, vôo em vassouras, e tantas outras mágicas e feitiços.

Uma história da qual você pode não gostar, achar chata, sem pé nem cabeça, pode achar qualquer coisa, menos que seja uma história subversiva, ou qualquer coisa assim, que vá destruir o caráter dos fãs do bruxinho...

Li vários textos que condenavam veementemente o órfão-herói. Um dos principais argumentos era de que todo mundo iria querer virar bruxo por isso, oh, que horror!!!

Esse argumento é mais velho do que a pedra, ou você nunca ouviu que as histórias estilo “super-homem” eram verdadeiras calamidades porque as crianças iriam querer tentar voar que nem o Clark Kent e se esborrachar no pátio dos edifícios? Uma que outra criança poderia até tentar voar com sua capa vermelha da sacada de casa, ou apontar uma varinha para o lápis e ordenar “escreva” e ficar esperando o bendito lápis copiar todo o texto que está no quadro; mas, convenhamos, crianças são bobinhas, e não palerminhas e, se se fosse levar em conta esse argumento, de que as crianças podem querer virar – de verdade – as personagens que encontram por aí, teria-se que dar um fim nesse tal de Papai Noel, que arrisca sua vida descendo por chaminés e voando com renas por aí num trenó sem cinto de segurança nem carteira de habilitação. Se é tão grande o perigo de uma criança poder pegar a vassoura de casa e tentar voar de cima da árvore para o chão por causa do Harry Potter, imagine o dia que elas tentarem escalar a casa para descer pela chaminé ou amarrarem um caixotinho num cavalo que esteja dando sopa por aí (é pouco provável que achem uma rena, ou algum bicho de chifres que seja parecido com uma), e baterem nele com um laço dizendo “ho-ho-ho” arriscando caírem do telhado ou levarem um coice da rena improvisada porque gostam do Papai Noel...

Outro argumento é o da falta de religiosidade do livro. Li um texto que criticava o fato de ninguém falar de nada cristão no livro, e, pelo contrário, resolverem seus problemas com magia sem pedirem nada a deus.

Ora, a Cinderela também não rezou para que fosse ao baile, e foi ajudada por uma fada-madrinha que transformou ratos em cocheiros e uma abóbora em carruagem, e ninguém falou mal dela. Se a Cinderela recebeu alguma crítica, foi por estimular as meninas a viverem da esperança de um príncipe encantado e salvador – o único que poderia resolver seus problemas, algo como algum produto das Organizações Tabajara – , e não irem elas mesmas resolver seus problemas. Crítica essa muito bem feita, por sinal.

O grande problema dos livros do Harry Potter é que eles falam de amizade e de superação através do esforço e da ajuda dos amigos, e também que não tem nenhuma Cinderela disposta a viver da esperança de um olhar masculino que a salve da vida triste que leva por não ter um homem que a proteja e ampare como se ela fosse ter para sempre cinco anos de idade (a personagem feminina mais importante da história do livro é uma menina chamada Hermione Granger, e ela é inteligente, geniosa e vai atrás do que quer, quando quer alguma coisa).

Antes de ser uma incitação ao satanismo (como muitos fazem parecer), Harry Potter é, pelo contrário, uma história que fala de valores bons, mesmo que muitos digam que a história é chatinha e repetitiva (opinião da qual eu discordo).

E eu preferiria mil vezes que meus filhos quisessem ser o Harry Potter, do que o Fernandinho Beira-Mar ou qualquer outro traficante poderoso que exista por aí, como muitas crianças pobres ou mesmo ricas querem ser quando crescerem...

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