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Poesias-->Alter Ego -- 31/08/2008 - 02:33 (Alfredo Burghi ) |
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ALTER EGO
Há pelo menos um preso na penitenciária
Que me representa definitivamente.
Mesmos olhos. Mesma altura.
Mesma impressão digital. Mesma cara.
Há pelo menos um embaixador de mim
Naquele presídio federal.
Boca seca, amordaçada,
Dois terços livres não dizem nada.
É o mesmo braço caído atrás das grades,
O mesmo rosto preso aos ferros.
O resto está fora por acaso.
Sou eu lá dentro, estraçalhado.
Mesmos olhos. Mesma altura.
Impressão digital e idêntica cara
Reluzem lá dentro e cá fora.
Sou eu. Preso às celas
Da histórica penitenciária.
Silêncio por dentro e por fora.
Estou livre por acaso.
Há pelo menos um homem livre
Aqui fora
Que me representa de forma compulsória.
Sou preso e dois terços me provam isso
Na postura da janela.
Só as grades dividem
Meus membros já separados.
Rosto preso às grades,
No sol da manhã rareado.
Braço caído nos vãos proporcionados
Resto todo preso, consolado
Como a parte fora, acomodada.
Estou livre por acaso.
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