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cronicas-->Gota-a-gota -- 09/03/2005 - 15:39 (osvaldo onofre) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gota-a-gota


Rir é o melhor remédio, assegura o ditado popular. Creio, todavia, que o ato de rir dessa sentença não se restringe a gargalhar, a rir escancaradamente -- que é coisa efêmera, mas estar feliz, contente, criar motivos, por exemplo, para sorrir mesmo, no modo mais leve de rir, no mais agradável e no mais das vezes o mais sintomático e duradouro, o riso da alma.

E quando acontece de nos acontecer assim, sorrir verdadeiro, com os olhos, sem ser por desdém ou ironia, conseguimos, como num passe de mágica, afastar, ainda que provisoriamente, sentimentos outros, às vezes nobres e edificantes, mas que inquietam, incomodam, debilitam, nos tornam sombrios, como a saudade e a tristeza.

Quando recebemos notícias de quem esperamos ansiosos que as enviem, geralmente reagimos assim, valorizando a alegria, o contentamento, o viver, e sorrimos, por fora e, principalmente, por dentro. Eis a magia, sem mistérios.

Um amigo recebeu outro dia um cartão "virtual", desses que a "grande rede" promete entregar com denodo, e nele a remetente lembrava que o tempo estava frio, na verdade quase chuvoso, céu cinzento, sério, circunspecto, com ar grave, mas sereno, doce e calmo, e tranquilo como os templos religiosos. E sugeria que só um abraço, um bem forte daquele destinatário, seria capaz de atenuar a saudade que sobre si se despejava em véu finíssimo e delicado e que, porejando, lhe apertava o peito. Saudade remediada, explicou, naquele breve e moderno meio de contato.

Não deu outra, os laços afetivos desse abraço surtiram um efeito especial, diria espetacular, no rapaz. O saldo foi de uma sublime felicidade. Deve ter acontecido com ela da mesma forma, ele pensou, desde quando enviou o cartão.

É assim, aos poucos a gente descobre que viver é fácil, basta perceber a vida nas pequenas coisas, basta doar-se sem contrapartida.

Pois é, amanhã pela manhã, se o tempo despertar com estardalhaço, com aquele rosto de sol amarelo-forte e traquinas dos desenhos infantis, quem sabe eles não se encontrem e destilem outras emoções, dedos entrelaçados, rosto a rosto, sem o intermédio virtual. Os romances são assim, como formiguinhas operárias, feitos gota-a-gota.
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