Quase sólida fez-se a noite sem resposta
Suas costas me foram dadas, sem motivo
Ecoa cada letra do descaso, de sonoro fel
Um quarto quase escuro, de solidão e sombras
Busquei o ombro de quem só se via desejo
Eu quis o afeto de quem só se via corpo
Erro seu, erros meus, erro nosso
Perdi o momento, ficou o adeus
Nem o ruído do encanto quebrado rompeu a noite
Cada doloroso segundo, cada açoite doído
A rua me esperando ao desespero, minha fuga
A áspera busca pelo carinho desejado
Arranhando palmo a palmo o corpo escasso
Roubando a calma, secando a alma
Deixando as lágrimas sem espaço para descer em pranto
Enfim, tanto silêncio me mostrou somente sua casca
Mais do que a rara preciosidade imaginada
Nada além de estranho e fútil, fui julgado – sem defesa
Jogou-me no cesto dos ordinários e, sem saber, atirou-se junto
|