Conta-se que um menino todos os anos mandava uma carta para o papai-noel pedindo um presente de natal. Eram angustiantes os minutos que antecediam a meia noite da tão esperada data natalina. O garoto contava a todos, o seu humilde pedido, uma bola de futebol ou um carrinho de corridas tipo do Airton Senna e ainda dizia: Esse ano, se Deus quiser ganharei meu presente! Eram brinquedos baratos em comparação aos eletrônicos que a gente se vê por aí, nas vitrines luxuosas das lojas. Mas parecia que Deus não estava ouvindo as preces do garoto, pois todos os anos a mesma rotina, ou seja, a mesma aflição, à espera do tão sonhado presente. Ele tomava banho mais cedo e tamanha era a ansiedade que nem jantava, ia e voltava à janela, na expectativa de ver o bom velhinho de barbas brancas chegar sorrateiramente para cumprir o seu pedido. Cansado da espera, e com as pernas doídas dos vai-e-vens pela casa, o garoto ia dormir, ainda, com um fio de esperança que no outro dia, encontraria debaixo de sua cama o tão esperado presente.
Ao acordar, era outra decepção, e o papai-noel não viera novamente... A parte mais difícil da história ficara sempre, por conta de sua mãe, nas justificativas: Filho, o papai-noel não achara o nosso endereço ou este ano ele não tivera dinheiro para comprar o seu presente! Não perca as esperanças, um dia ele virá... E o menino triste passava aquele dia vendo as crianças da vizinhança brincando, correndo, sorrindo... E ele chorando, pois não conseguira entender que o seu pai estava desempregado há anos, e então, não poderia comprar lhe um presente. Acreditara nos contos de papai-noel e nos devaneios de criança, e não vira a realidade cruel do desemprego do pai. Angustiado, e se sentindo culpado daquela situação, o pai, contara ao filho que papai-noel nunca existiu e quem comprava os presentes das crianças eram os pais, assim, ele só ganharia um presente quando o pai arrumasse um emprego. Diante da narrativa do pai, o menino enxugara as lágrimas e disse: Vou escrever uma carta ao Papai-Noel pedindo um trabalho para o senhor e no próximo Natal terei o meu presente tão sonhado! Essa é a história de muitos natais, aonde os papais-noéis não vêm para todos!
Getúlio Silva 04/12/2007
Dedico este Conto
A minha amiga e Poéta: Rose de Castro