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Poesias-->A QUE DIMINUÍA -- 03/10/2008 - 23:53 (Alfredo Burghi ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A que diminuía

Quando percebeu que chegou Outubro ele lacrimejou. Tinha sempre muito medo da aproximação do fim do ano. O Natal, as festas, as reuniões nas casas, os cumprimentos. Não gostava. Não gostava, não escondia e os olhos marejavam. Meses antes já. Só de pensar.



Ela que era mais flexível não se importava. Durante o ano era mais estável. Mas ao se aproximar o fim de ano ia, como sempre, diminuindo de tamanho.

Num ano bissexto, por ser menor, errou os cálculos e acabou estando em tamanho quase normal no dia de Natal. Todos perceberam sua presença. Abraçaram, presentearam, beijaram, ofertaram cordeiro, tortas, frutas, bolos. Ela queria morrer... Jurou nunca mais terminar o ano visível.



Ele se preocupava com ela. Gostava de vê-la em Março, quando ela estava em seu tamanho normal. Não era nenhum manequim, mas tinha um porte.



Mas naquele outro ano ela apresentou nova surpresa... Ela, que escrevia bem, era letrada, tinha boa formação. Seus encolhimentos só começaram mais tarde depois da faculdade. Mas, de um dia para outro começou a comer letras em todos seus escritos. E foi piorando... Seu nome, bonito, começou a ficar menor... como ela!!!! Comia letras!... Não que passasse fome; letras alimentam? Não!? Porque não sabia o porquê. Acontecia e pronto. Uma vez ligaram do banco. Devolveram o cheque dela por não coincidir a assinatura. Parecia a dela, mas não se completava.

Toda vez que precisava comprovar seu nome escrito com a carteira de identidade tinha problema. Não coincidiam.



Se os problemas fossem nos meses em que encolhia tinha o recurso de se desculpar pelo tamanho, infantil às vezes, desencontrado no geral. Mas de Março a Setembro, quando não chovia e ela crescia e ficava no tamanho normal passava vexame. Tinha vergonha. Ficava triste se envergonhada.



Assim, naquele mês de Outubro tudo a perturbava. Sua taxa de colesterol subia. Sua glicose aumentava. A pressão nem se diga, saltava alto. Só ela diminuía e o medo de isso não acontecer a molestava. Depois que começava a sentir que diminuía, ficava mais tranqüila e mais saudável. Nesse tempo, até o fim do ano, encolhia e comia letras. Mas acabava tendo alguma utilidade. Tornava-se uma delicada e expressiva vírgula.

03Out08

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