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Poesias-->VELHO CASARÃO -- 04/10/2008 - 12:38 (Alfredo Burghi ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VELHO CASARÃO

Não, não e não. Não se compra mais nada nesta casa, a não ser comida e bebida, disse ele naquela manhã sombria. A casa já era um museu de tantas peças e mais peças guardadas como resultado de anos de acumulação inútil.



Cada estatueta, cada vaso, cada objeto contava estórias que justificavam as prateleiras e mesinhas cheias de coisas e coisinhas a mostra. Uns comprados em leilão, outros ganhos de amigos ou amantes, outros de origem que ele já desconhecia. Ganhos em casamentos passados então havia vários.



Quase sempre não se recordava mais do nome de quem o trouxera, se é que um dia soube. Ele não tinha coragem de se livrar das ali postadas recordações e também não fazia nenhum esforço para reduzi-las.



Muitas vezes ficava sentado à frente da estante maior, mais plena de coisas e via-se que seus olhos se perdiam em um passado de lembranças que parecia não ter passado.



Talvez ele mesmo não acreditasse que havia corrido tanto tempo sem que sua percepção contabilizasse e agora, se houvesse arrependimento de seus atos praticados, não caberia mais nenhuma correção. O que não foi feito deveria ter sido feito no passado. Ele não se conformava muito com essa máxima.



Sempre tinha intenção de retornar a certos lugares onde pudesse corrigir o rumo de pequenos pedaços de sua estória. Onde pudesse, como se atrasando o relógio, fazer o sol nascer de novo sob a tarde cinza daquele outono. O mesmo sol claudicante que destruía tudo durante o ano todo. Menos hoje.



Levantou-se, tomou o casaco longo e achou que poderia ir atrás de pelo menos alguns pedaços do passado. Redimir-se. Justificar-se. Reconfortar-se. Foi a pé. Andou com passos compassados, conscientes, cuidadosos. Entrou. Procurou. Encontrou, sentou e orou em cada quadra frente a cada uma das três fotos ovais amareladas.

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