Pela noite estranha dos teus mares
Meu pequeno barco
De outras tantas noites
Tantos mares
Agora navega
Navega? Voga, vaga
Balança, estremece
Em contínuo vai e vem.
E assim, sem rumo, sem remo, sem velas
Navegando vai. Navegando vem!
Por pouco, muito pouco,
Não me perco, naufrago,
Soçobro, me afogo
Nas águas sedentas
Dos teus mares
Paciente, experiente,
Lobo do mar,
Não desisto
Insisto
Neste louco navegar
Tangencio, contorno
Montes e picos,
Vales profundos.
Caminho por praias imensas
Ilha de mata sombria.
E assim, entre calores,
Tremores, arrepios,
Vou levando,
Vou buscando
Novas sensações.
E haverei de encontrar
Antes que a noite acabe
Meu barco naufrague
Ou a luz de um novo dia estrague
Tamanha emoção!
Sob a vastidão destas águas,
Na imensidão destes mares,
A praia, o limite,
No último grito
Da tua última explosão
E assim saciados, cansados,
Enfim encontrarei
Na paz dos teus braços
Meu rumo, meu norte,
Meu porto seguro, meu ponto final!
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