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Contos-->O SILÊNCIO DE MEU COMPANHEIRO DE ENFERMARIA -- 17/12/2007 - 03:46 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O silêncio de meu companheiro de enfermaria, inicialmente, não me perturbou o sono. Porém, às duas horas da madrugada, acordei ouvindo um barulho estranho. Acendi a luz e vi o companheiro se esticando na cama. Acionei a sirene. Vieram dois enfermeiros que logo correram para chamar o plantonista. É óbito, disse o médico. Levaram meu companheiro ao necrotério e daí em diante, não consegui mais dormir. Logo que o dia amanheceu fui me arrastando até a portaria.
- Moça, mande-me para outro quarto, naquele não fico mais!
- Não tem vaga seu Francisco, o senhor tem que ficar lá aguardando o resultado dos exames e a marcação da cirurgia.
Voltei pra enfermaria, arrumei minha matula e dirigi-me ao balcão de atendimento para pedir baixa da internação. “Sente-se seu Francisco. Vou procurar o diretor”. Disse a atendente tentando acalmar-me. Ela fez algumas ligações internas e logo chegou um cidadão alto, forte e com um gesto delicado deu um tapinha em minhas costas. “Qual é seu problema?”
- Morreu um companheiro de enfermaria e naquela dependência não fico mais nem um minuto!
- Calma rapaz, vou solucionar o caso. Siga-me.
Alguém levou mala enquanto nos dirigíamos a outra enfermaria, no mesmo pavimento. A nova sala de enfermagem dava de frente pra rua e tinha apenas dois leitos, um deles já ocupado. O hospital era recuado e sem muros, de modo que podia ver o movimento de carros e pedestres. A cama ao lado da janela estava desocupada. Apoderei-me dela. O diretor perguntou-me: “está bem acomodado agora, seu Francisco?”
- Sim, aqui parece bem melhor.
Olhei em volta fazendo um reconhecimento do espaço. Meu companheiro, aparentemente saudável, acompanhava com os olhos toda movimentação. Lá pelas tantas da madrugada, acordei com um estranho no ninho. Numa maca entre a minha e a outra, um homem todo amarrado gemia. Acionei novamente a sirene e perguntei a enfermeira. Só há espaço para duas camas, por que vocês botaram mais uma? “Não se preocupe, fizemos os primeiros socorros, quando o dia amanhecer, este paciente será transferido para o Hospital das Clínicas.” O homem estava enfaixado dos pés à cabeça. Parecia uma múmia.
O dia amanheceu. Chegou um médico todo de branco, com duas enfermeiras também de branco. Tirem as ataduras, disse ele às auxiliares. A cena me fez lembrar a ressurreição de Lázaro. Se esse homem se levantar e sair andando, eu corro. Pensei.


SILVA, Francisco de Assis; LIMA,Adalberto. O Brasil nosso de cada dia.
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