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Contos-->A rosca sem fim -- 18/12/2007 - 14:07 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A rosca sem fim

Fernando Zocca

Mariel Pentelini Demorais naquela manhã de segunda-feira, defronte ao seu barraco, na Vila Dependência, região periférica de Tupinambicas das Linhas, pôde ouvir muito bem as palavras agressivas que Nelsão boca-de-porco dirigia à Lola Jaqueca:
- Ocê fica muito preocupada com os outros. Isso não é normal; procure cuidar da sua
vida. Será que não tem o que fazer?
Lola Jaqueca, bem constrangida, não lhe respondeu nada; olhou ostensivamente para Nelsão, como se lhe dissesse: “ai que home chato!”; bateu então com o pé direito no solo, e colocou as mãos na cintura mostrando-se decepcionada.
Nelsão desconsiderando as reações infantis da mulher assoprou com força a fumaça do cigarro barato e lembrou-se que na casa da Lucila, naquela noite, haveria mais uma festa daquelas. Ele pensava em se divertir um pouco, afinal, o bate-bate dos martelos deixavam-no bem estressado.
O dia transcorreu tenso. A criançada do bairro passava defronte a casa da Lola Jaqueca e dizia gracejos deixando-a mal humorada.
À noite quando Jaqueca pensava em descansar, percebeu que chegavam os convidados da Lucila. Lola indicando a casa da vizinha perguntou ao Nelsão que fumava depois da janta:
- Ih! Vai ter festa de novo ai?
Nelsão, o famoso “boca de suíno”, considerado como tendo o bafo mais concentrado e mortal que qualquer coquetel de calmantes, ministrados pela cobiça, respondeu à esposa:
- Não liga não que nessa festa eu também vou.
Lola conformada caminhou até o banheiro e tirando do armário um blíster de laxantes, deglutiu dois comprimidos. Ela disse ao Nelsão quando passou por ele, na cozinha:
- Quando chegar da festa, nem vem que não tem. Hoje, só amanhâ.
- Eu sei que você é meu anjo. – arrematou Nelsão saindo para a gandaia.
Defronte ao portão da Lucila os carros dos convidados paravam e deles desciam os alegres mandriões que passariam mais uma noite na fuzarca.
As duas e meia da madrugada, Nelsão percebeu que Lucila olhava-o com certo cabritismo. Ela segurava com indolência o copo de cerveja e, como se deixasse levar pela paixão lançava olhares convidativos ao vizinho.
Nelsão indecência não vacilou. Quando percebeu que os demais bebuns distraiam-se com outros assuntos, perdidos nos alaridos e tilintares dos copos e garrafas, aproximou-se da Lucila insinuando um beijo.
A mulher tentou resistir, mas a presença robusta de Nelsão tornava-o irrecusável, arrasador. Eles então, no corredor, perto do portão beijaram-se excitados.
Alguém derrubou um copo inibindo a zoada. Foi quando Jaqueca aproximou-se de Nelsão e de surpresa acusou-o de falsidade. Lola disse-lhe apontando o indicador em riste:
- Ocê é bem “farso”, viu seu mané! Eu sabia que ia dar nisso ai. Nessa sem-vergonhice! Já pra casa, seu descomungado!
No ambiente da farra, cessou o alarido, dominando então o silêncio... Tenebroso... O clima tornou-se tão funesto quanto ao existente no dia do rebaixamento do Corinthians. Apreensão geral. Ô três de dezembro!
Ao longe, observando a cena constrangedora, Mariel Pentelini Demorais divertia-se com as hostilidades sofridas por Nelsão.
Boca-de-porco entrou em casa debaixo de pancada.
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