Usina de Letras
Usina de Letras
93 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A rosca sem fim 2 -- 23/12/2007 - 18:46 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A rosca sem fim 2

Fernando Zocca

Aquele vexame todo causou grande mal-estar na vizinhança. A contenda no portão do “boca-de-porco” fez com que os curiosos saíssem à janela, os passarinhos esvoaçassem amedrontados e os cães se afastassem com o rabo entre as pernas.
O piti de Jaqueca foi tão violento e animal, que ela atirou da porta da cozinha, para dentro da sala, a botija continente dum ramalhete de jacintos, no castiçal de estimação, danificando os dois objetos. Durante o assalto do assombro era só caco que voava.
Ouvindo de longe o quebra-pau, Lucila sentiu-se culpada por tudo o que acontecia. Afinal não deveria ter permitido que Nelsão lhe tirasse tanto proveito por causa da embriaguez.
Na vigência do frege, as pessoas vizinhas temeram pela integridade física do “boca-de-suíno”. Ele poderia ser agredido e lesado, tamanha era a indignação de Jaqueca.
O surto psicótico que dominava Lola parecia não ter fim. Possuída pela fúria cega, ela ia e vinha pela calçada, com as mãos crispadas, tentando agarrar Nelsão pelo pescoço, desejando trucidar o infiel.
Hermínio, pai de Nair Alcinda, avizinhando-se ao local dos fatos, arrastando os chinelos, achou que deveriam chamar a polícia. Ele fora alertado sobre a altercação e conhecendo muito bem Lola Jaqueca, considerou que ela não pararia tão facilmente com as hostilidades. Alguns vizinhos temeram pelo que poderia acontecer se marido e mulher naquele, estado de ânimo, ficassem cara a cara.
- O problema dever ser resolvido na Justiça! – Disse Hermínio, em alto e bom som, para que todos no quarteirão estivessem bem cientes.
Mas Lola Jaqueca injuriada, no meio da rua explodiu novamente, a fim de que a vizinhança ouvisse:
- Eu quero que ele seja humilhado publicamente! – Ela tinha o rosto avermelhado por ter bebido, e a voz fanha, por causa do tabagismo.
O pobre Nelsão não sabia onde enfiar a cabeça, onde esconder o
rosto, tamanha era sua vergonha. “Maldita aquela hora em que beijei a Lucila. Êta beijo complicado!” Pensou ele.
- Você deve se preocupar em recuperar as velas, o castiçal e a botija. - Ponderou Hermínio tentando distrair Jaqueca, para acalma-la.
O abalo emocional causado pelo escândalo que envolveu Lola e Nelsão não fizera Mariel Pentelinni temer pela repetição do evento funesto. Então ele resolveu promover outra festa, no final do mês e logo passou a distribuir alguns convites.
Nair Alcinda, instigada por Hermínio, aproximou-se de Mariel, seu concubino e pedindo-lhe dinheiro garantiu que compraria outro vaso para Lola. Nair disse:
- Olha Mariel, é triste ver Nelsão sentado na sarjeta, bebendo cerveja quente e fumando bituca de cigarro fedido. Eu quero melhorar o visual daquela sala. Dê-me ai um adiantamento que mando comprar um vaso novo pra recolocar os jacintos.
- Pode parar de me encher o saco! Sem essa de comprar vaso de florzinha! Vá buscar cerveja pra mim, isso sim!.
Sentindo-se magoada pelas palavras duras do amásio, Nair Alcinda afastou-se de Mariel e caminhando alguns quarteirões foi até a casa da sua mãe Adélia.
A mulher gordurosa, que permanecia sentada numa cadeira reforçada, na calçada, defronte ao portão, observando o movimento da rua pôde ver, de longe, a filha que se achegava. Seu coração bateu mais forte e a taquipnéia apoderou-se dela.
Nair Alcinda aproximou-se e, queixosa foi soltando pra ela toda a mágoa e ressentimentos que lhe causara o Pentelinni.
Adélia sentindo o corpo pesado, as dores nas pernas, nos pés e no bumbum disse à filha:
- Deixa como está e espere o assunto esfriar um pouco. Depois a gente comenta o assunto. Entre e tome um café comigo. Acabei de coar.
Nair Alcinda entrou, tomou um cafezinho, acalmou-se e depois de meia hora de conversa com a mãe voltou para casa.
Ao se avizinhar da morada ela ouviu o alarido da festa que Mariel fazia. Na sarjeta, defronte ao portão onde ocorrera a arrelia, um jacinto abandonado e ressequido testemunhava o poder maligno da ira.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui