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Contos-->O pagamento -- 27/12/2007 - 12:04 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O pagamento

Fernando Zocca

Van de Oliveira Grogue não era vestibulando, mas naquele domingo dois de dezembro, estava cheio de provas. Depois das cinco da tarde, já bastante embriagado, considerou que sua cabeça, mais do que nunca, deveria ajuda-lo. Por isso pegou o garrafão vazio de vinho e colocando-o sobre o boné que lhe cobria os cabelos esbranquiçados, saiu em direção ao bar do Zezinho.
Ziguezagueando na calçada já tomada pelas sombras vespertinas, driblando montículos e buracos, conseguiu chegar incólume ao destino.
No boteco a rapaziada reunida papeava, bebia cerveja e ouvia o rádio que vibrava em alto volume no ambiente.
Van Grogue colocou a vasilha sobre o balcão e pediu ao Zezinho que o enchesse com o vinho tinto mais supimpa que tivesse. Enquanto o homem lhe providenciava o atendimento Van foi ao banheiro.
Dez minutos depois ele deu a descarga, lavou as mãos e entrando no salão perguntou ao pessoal que o fitava:
- O Corinthians também desceu? - Ninguém lhe respondeu a pergunta. Eles achavam-no um tanto quanto que deficiente, por isso o menosprezavam.
Van percebeu que o pessoal fazia pouco dele, então ao passar atrás de um dos conversadores, sentado com o dorso voltado para o interior do boteco, simulou com estardalhaço, um espirro perdigoteiro.
Não demorou muito tempo para que surgissem os primeiros protestos contra o mal educado. E Zezinho, já prevenido das atitudes anti-sociais do Van disse-lhe num tom ríspido, como se o repreendesse:
- Olha aqui o seu vinho!
Van conseguiu vencer o labirinto de cadeiras e mesas fixadas entre o ponto em que estava e o balcão onde pegaria sua encomenda e então sacando do bolso o dinheiro, pagou o bebível.
Jorge Bluch que há muito tempo sentia-se irritado com as atitudes do Grogue disse-lhe quando este saía:
- Ocê vai pagar por tudo isso que fez. Vai pagar caro!
Van de Oliveira voltou-se desajeitado por causa do peso do garrafão e respondeu no mesmo tom:
- Já paguei. Estamos quites. Zero a zero. – Dizendo isso Van saiu sem emitir qualquer outra palavra.
Zezinho falou então em um tom que todos pudessem ouvir:
- Que Deus ajude a ele e não desampare a nós.
Na calçada Van de Oliveira Grogue retornava para casa equilibrando o garrafão na cabeça, quando de repente, sentiu passar voando sobre si um prato voador que estilhaçou ao cair do seu lado.
Van de Oliveira, oprimido e temendo derrubar a carga preciosa, apertou o passo chegando mais depressa em casa. Ao ligar a TV pôde assistir a entrevista dos jogadores corintianos que saiam tristes do campo.
A manicure vizinha do Van, irada com a sorte da partida, soltava impropérios em tom baixo. A murmuração lembrava o zunzum de uma abelha desnorteada que, tentando sair por uma vidraça fechada, debatia-se desesperadamente.
Cinco meninos abusados passaram defronte a casa do Grogue, que àquela altura dos acontecimentos já emborcava o garrafão; dentre a zoada um deles, com o rosto tomado por borbulhas, exclamou:
- Liga não! É que nem rojão. Um dia sobe. – Mas, um outro, mais perverso ainda emendou aos gritos:
- Sem chances, mané sem chances!

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