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cronicas-->Da janela lateral... -- 06/11/2000 - 23:45 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DA JANELA LATERAL...

Acomodou-se, quase que dependurado pela baixa estatura, logo depois da catraca. Horário ruim o que escolhera para ir ao centro, parecia que toda a população para ali se dirigia. Pensou até, tolamente, num desequilíbrio que toda aquela massa poderia causar na cidade, concentrando tantos, ao mesmo tempo, num só lugar..
Várias contorções atendendo aos pedidos de "dá licença", mas estava, finalmente, acomodado, ou melhor, espremido entre uma senhora de meia idade e peso acima do desejado, e um "office-boy" - deduziu pela pasta que carregava e pelo fone de ouvido- ligado apenas no que escutava. À direita, outro rapaz de olhos semicerrados fingia dormir para não ceder lugar a uma idosa que se agarrava fortemente no banco onde ele estava sentado.
Nada mais conseguia ver pois mal podia mover a cabeça sem incomodar ou sentir-se incomodado pelos passageiros vizinhos. Restava assistir, pela janela lateral para onde estava virado, o filme que ia sendo exibido. Observava os também sofredores passageiros dos ónibus que se emparelhavam ao seu. Rostos tristes de operários, cansados já pela manhã, rostos alegres de jovens cruzeirenses, orgulhosamente vestindo a camisa azul-celeste do clube, comemorando a vitória na noite anterior. Rosto sonolento da moça bonita que, na sua maldosa imaginação, teria dormido tarde pela hora extra com o chefe...
Já estava próximo do centro. Dava para perceber pela diferença nas imagens que via pela janela. Ambulantes que armavam suas barracas de bugigangas, suas tendas, para mais um dia de caos, mais um dia de cão no centro da outrora Cidade Jardim. Via os velhos e bonitos prédios edificados entre os anos quarenta e sessenta na Espirito Santo - antigo centro bancário - hoje registrando a deterioração física da cidade e da mente de seus habitantes. Suas fachadas são agora repositórios de placas e cartazes de incrível mau gosto e pichações inelegíveis, de péssima qualidade, sem criatividade alguma. Um balbuciar de tolos.
Faixas e mais faixas, atadas por arames aos postes e árvores colaboram ainda mais para com o horrível visual e agride a natureza. Quem as autorizam? Quanto pagam pelas agressões? Qual o benefício para a cidade? Certamente nenhum!
Lembra as palavras ouvidas dos candidatos a prefeito na última eleição: - "VOU" FAZER DESTA, UMA CIDADE BEM MELHOR",
" VOU MELHORAR AINDA MAIS O ATENDIMENTO SOCIAL E A SEGURANÇA", "VOU FAZER PELOS MAIS POBRES E PELOS DESEMPREGADOS ". "VOU, VOU...."
Quanta mentira! Tudo promessas vãs, enganosas, descabidas. A realidade é o que se vê há anos: comerciantes empurrando seus produtos para o que sobra das calçadas na disputa com os camelós, e os pedestres, aos encontrões, disputando com ónibus, carros e caminhões o minguado espaço no leito das ruas.
VOU, VOU...!
VOU É EMBORA DISTO AQUI!!!


Adriles Ulhoa Filho
Bhte., 03/11/2000.
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