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cronicas-->A MEIA-LUA -- 01/04/2005 - 08:46 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MEIA-LUA

Fernando Zocca



Shana Sem chegara da China em dezembro de 2.004. Era alta, robusta e falava grosso. Na terra do Mao engravidara trazendo consigo o fruto daquele amor louco.
Quando Shana resolveu residir em Tupinambica das Linhas, Jarbas já ocupava o cargo de prefeito da urbe.
A escolha da grandalhona foi influenciada por haver na cidade, alguns parentes seus vindos, décadas antes.
Aquele vulto enorme destoava completamente da média. O corriqueiro seria uma figura magérrima, subnutrida de tez esquálida, como sói acontecer com os chineses.
Ela aprendera, desde cedo a descontar em alguém aqueles maus humores advindos das bebedeiras tresloucadas e irracionais. Assim todas as irritações provocadas pelas ressacas, eram aliviadas nas agressões a alguns bodes expiatórios da comunidade.
Logo após o seu trigésimo dia de convivência, na cidade mais famosa do mundo, por concentrar a maior quantidade de loucos existentes por metro quadrado, sobre a face da terra, ingressou a doidona, na seita maligna do pavão-louco.
Uma faceta dos componentes da quadrilha, era o horror à identificação. Ela aprendeu que seus sectários só se realizavam no mal, se pairassem no anonimato, no oculto das trevas.
Quando ia da sua casa à casa da sua tia, que ficavam distantes algumas quadras, Shana Sem pensava nas Champagnes que gostaria de ter sorvido, lá no castelo em que sonhara ter morado, e onde casou-se o Ronaldinho com a Daniela.
Ela (a Shana Sem), não compreendia nada sobre política e quando lhe disseram: "Do mesmo jeito que o FMI ingeria sobre governos devedores, os credores da prefeitura de Tupinambica das Linhas, determinariam os destinos da administração Jarbas", ela demorou horas, para entender.
Shana Sem estava convicta que Jarbas, o prefeito caquético e testudo, não terminaria seu mandato da forma usual. Pelos rumores dos corredores, nos palácios da justiça, as contas do município apresentavam da morte, os estertores.
Ela cria que o mesmo autoritarismo formador da política fascista moldava os políticos de Tupinambica das Linhas. E ela, minha amiga, não estava enganada.
Um dos babados mais fortes, naquele tempo, era o de que Jarbas teria recebido verbas do departamento viário do Estado de S. Tupinambos, para efetuar reformas nas estradas de acesso à cidade, desviando porém o legume, para a compra dum apartamento na rua Regente Feijão.
Quando lhe indagaram pela milésima vez: "Se o poder imperial romano ruiu, por quê o governo frouxo e corrupto de Tupinambica das Linhas não ruiria ?", ela creu com mais força, no destino inglório daquele homem falso e seu partido danoso.
O triste de ver na Shana Sem, era o fato de que, para manter sua auto-estima, ela precisava desmerecer outras pessoas. Ela nunca se deitava sem antes ter passado um trote em alguém.
Um fato porém veio ser a gota d água determinante da sua convicção, de ser todo aquele povo louco, resultado de anos e anos de ingestão inconsciente das águas contaminadas por coliformes fecais: numa tarde em que se viu premida pela fome, Shana Sem resolveu saborear um sanduba do Osório. Bastaram 30 minutos após a deglutição, para que os efeitos das bactérias lhe causassem a piriri.
Internada sob os efeitos do soro hidratante, ela queixava-se repetindo o monólogo sombrio: "Ah Shana Sem, que azar você tem!"


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