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Contos-->O 71 -- 22/01/2008 - 14:25 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O 71
Fernando Zocca
Luísa Fernanda a mocréia de cabelos curtos e duros tinha mesmo muito ódio e perversidade no coração. Ela já não sabia mais o que fazer, além de maldizer, para sentir alguma alegria fundada na destruição do Van Grogue.
Luísa já havia se queixado à sua tia-avó, a famigerada Bin Latem, que ocupava agora a folha de pagamentos do Jarbas, o caquético e monstruoso prefeito de Tupinambicas das Linhas.
Apesar de procurada com insistência pela energumena, Bin Latem lhe respondera que não mais poderia comprometer-se com questões de somenos importância, afinal estavam em ano eleitoral e tais fanfarrices poderiam comprometer a campanha da reeleição.
Latem mandou Luísa procurar sua turma, pois havia nela muitas abiloladas histéricas, capazes de passar noites e noites em claro, contando historietas pra boi furioso dormir.
Luisa Fernanda chorosa, disse à Bin Latem que temia ter de pegar o bovídeo pelos chifres porque sabia ser bem difícil aquela situação.
Reunindo forças a dengosa fofinha, que já não sentia prazer em ouvir o som sertanejo na borda da sua piscina, pelo telefone, tentou arregimentar as forças satânicas da seita maligna-do-pavão-louco.
A intenção da quarentona era vexar Van Grogue fustigando-o com histéricos que pudessem, amontoados nas casas vizinhas, passar algumas horas, de algumas madrugadas determinadas da semana, a murmurar historias hostis, humilhantes e afrontosas.
Luisa Fernanda quando ficava assim muito tensa, com bastante gente ao redor, sentia uma espécie de agonia, de inquietação, de sufoco que só amainava depois que acendia um cigarro e dava uma tragada profunda.
A mocréia era daquelas que ainda “pegava peru” ou seja, diante de uma situação inusitada sentia o rosto avermelhar-se, túmido. Mas não era mesmo uma gracinha essa menina maluquinha?
Luísa Fernanda sempre fora mimada; era a queridinha da mamãe, até que as demais irmãs manifestaram o protesto à matriarca, por tamanha injustiça. “Ô Luisa, vê se te enxerga, minha nega” teria dito uma outra preterida pela mamãe baixinha.
Sem beber Luisa Fernanda não se sentia muito bem. Sem os efeitos do álcool ela tornava-se indisposta e assim nesse estado de ânimo, praticamente deprimida, não conseguia enxergar os agrados que o marido Célio Justinho tentava fazer-lhe com os acepipes de queijo, salame e azeitonas.
Luísa em alguns momentos, nos mais críticos, dizia desejar morrer. “Vergonha” exclamava enfurnada no quarto la no fundo do quintal.
Mas se ela visse pela frente o Van Grogue, certamente avançaria sobre ele com as garras expostas, desejosa de trucidar o abusado. Dar-lhe-ia uns tapinhas, assim com as pontinhas dos dedos, mas que saísse da frente o xarope do inferno!
Por estar muito ligada, era uma obsessão, ao seu desejo de vingar-se de Grogue, Luisa Fernanda não percebeu que o marido Célio Justinho já não demonstrava tanto interesse sensual por ela. Não chegava nem a desconfiar que Justinho mantinha affaire com a mulata residente no edifício de apartamentos da orla tupinambiquence.
Pois não é que por ver a chorosa, medicada e superior Luisa Fernanda, ensimesmada e alheia ao afeto do cônjuge, seu marido Justinho encafifou mesmo com a mulata que até sotaque italiano tinha?
Lá no apartamento 71, do décimo andar, o calor humano que Luísa não conseguia proporcionar ao amado, recebia ele, Célio o Justinho, em compensação, o afeto da mulata fogosa, sobre a qual diziam as más línguas, até de condessa, título nobiliárquico, ela tinha.

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