Usina de Letras
Usina de Letras
93 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O galo da madrugada -- 26/01/2008 - 14:53 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fernando Zocca

Cocoricó! Cocoricó! Cocoricó!
O galo vivente no cercado da vizinha estava inquieto naquele alvorecer, e fazia Van Grogue revirar-se na cama tentando achar uma posição confortável que lhe favorecesse o sono.
Mas que nada! O galo desafinado insistia em supliciar os circundantes. Era terrível para o Van suportar a repetição infindável da mesma lengalenga: cocoricó! Cocoricó! Cocoricó! Ô martírio, ô obsessão insana!
A rapidez com que a galinácea, de crista carnuda, ejaculava seus protestos ao amanhecer, se contrapunha às remexidas desgostosas e lerdas do Van insone, na cama desconfortável.
Grogue agitado se lembrou do que lhe dissera Silvester Stalonge, na reunião etílica iniciada a meia-noite daquele dia, na casa vizinha a da Luiza Fernanda: “Ocê é muito rápido, Van; emborcou meia garrafa de pinga, em dois minutos! Como é que pode?”
Van recordou-se que pensou em lhe responder estar já bem acostumado aos efeitos da jura, e que quantidades menores do que sete garrafas, em dois dias, não lhe causavam mais qualquer atordoação.
Cocoricó! Cocoricó! Cocoricó!
Suando, entre os lençóis, Grogue reconheceu que saíra meio atrapalhado daquele encontro noturno, em que fora mesmo reforçar as patranhas que inventara contra Luisa Fernanda, a mocréia arruinada.
Vergonha! Depois das despedidas e quando os anfitriões já pegavam no sono, ouviram-no batendo no portão novamente. A força usada era tanta que parecia derrubar as grades.
Naquele filme que lhe passava pela mente Van de Oliveira Grogue percebera, por causa dos ruídos realçados no silêncio da madrugada, que Edbar se levantara, para atender a porta da rua, as duas da madrugada, queixando-se do azar que insistia em cerca-lo.
- Ah! É você! – Dissera Edbar ao vê-lo.
- Esqueci o meu celular. Não sei onde estou com a cabeça. Acho que deixei em cima da mesa, perto do cinzeiro.
Nas cenas que se sucediam Van de Oliveira reviu Edbar maldizendo, aos murmúrios, a aflição que lhe causava a visita rancorosa. Edbar voltava-se para dentro da casa e, pegando o aparelho levava-o até o portão onde Grogue esperava.
Van recordou que, ao perceber proporcionar sua atuação, desconforto indisfarçável, naqueles que tinham muita paciência com sua indiossincrasia, lhes despejou prontamente mil desculpas, tentando amenizar a dissonância.
Grogue relembrou também que Edbar teria dito para Silvester Stalonge, depois que entregou o celular: “E lá se foi o chato ressentido falando sozinho”.
Naquela cama desconfortável, percebendo o cocoricó do desarmônico, Van reouviu o que dissera em voz baixa ao referir-se ao esquecimento: “Mas que merda é essa? Será que estou ficando louco? Isso é ato falho. Freud explica. Mas que mané Freud... baita sede! O pior é que não tem boteco aberto a essa hora.
Ao chegar em casa, sem fazer ruído, pois se acordasse a Malu K. Grogue poderia ser submetido a um novo e inquietante inquérito, Van de Oliveira dirigiu-se ao quarto dos fundos do quintal onde, fechando a porta e as janelas, tentou dormir.
E agora ali, naquela hora da manhã o maldito galo celerado punha-se a espargir suas vibrações discordantes.
Diante da situação Van, acendendo um cigarro, achou que se permanecesse a semana toda sem dormir poderia tentar recuperar, quem sabe, a saúde que perdia a cada dia que passava.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui