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Poesias-->DEPOIS -- 07/11/2008 - 23:59 (Alfredo Burghi ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DEPOIS



Àquela casa onde nos conhecemos não regressei jamais.

E nem mais passei nas ruas por onde caminhávamos em noites escuras e dias claros.

À Escola onde estudei e onde nos encontrávamos procurei não voltar mais.

As colunas das arcadas sob onde estudavas eu as classifiquei de sagradas e intransponíveis e entre elas nunca mais passei.

Fiz isso também com as cidades onde moramos, os bares que freqüentamos, os países que visitamos e os teatros que fomos. As peças que se repetiram ali ou em outros lugares nunca mais as vi.

Os livros que lemos juntos, que você leu primeiro ou que li depois não mais os toquei. Aqueles livros de poemas dos quais gostamos e comentávamos, rimos ou nos indignamos nunca mais os abri. Os livros que escolhemos juntos, compramos e guardamos, aquelas pérolas que classificamos e amávamos, nunca mais foram trocados de lugar, foram tocados ou lidos. A estante ainda é a mesma. No mesmo lugar, na mesma casa, mesma prateleira.

Mas todas as peças, poemas e histórias ou estórias dos livros que fizeram parte de nossas vidas que eu possa ter guardado em minha memória procurei não apagar e algumas vezes os relembro, os recito, os recordo e choro. Mas procuro chorar outro choro diferente daquele choro que chorávamos juntos e achávamos o mais puro e imortal de todos os choros do mundo. Não sei que choro é esse outro choro de hoje, mas é outro choro.

As musicas que ouvimos e catalogamos em nossos cadernos e em nossa mente ou em nossa juventude continuam intocadas, reservadas e preservadas como memórias de outros tempos. Às vezes as ouço nas rádios e a emoção é muito forte.

Piorei, envelheci, parte da saúde se foi. Mas sou o mesmo homem daquela juventude, forte, alegre e disposto a ser outro sempre. A única coisa que não sou capaz de mudar são nossas recordações. Elas são a essência de minha vida passada. Vale?

Ainda há os nossos amigos. Os mesmos de antes. Quando os encontro sempre perguntam de você. Para alguns respondo que você vai bem. Para outros falo a verdade. Normalmente digo que o mundo ficou pequeno para nós dois. Onde poderíamos estar não nos cabe mais. Outros espaços não repetimos. Para poucos deles falo a verdade: Digo que onde você está eu ainda não tive a honra de ser convidado a ir.

São Paulo, Out 2.006

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