AMAZÔNIA. (A Amazônia que se vai sucumbindo)
Ana Zélia
Dizimada pela cobiça, ambição, poder...
Floresta virgem, que há muito perdeu o verde.
Queimadas assassinas. Derrubadas impensadas.
O deserto que se aproxima como as grandes tempestades que passam rápido, cujas conquências imedidas só o tempo dirá.
Amazônia. “Inferno Verde”, “Celeiro do Mundo”, cognomes dados por visitantes.
Onde está o teu verde que forma o inferno?
Tal qual escrevera Dante na “Divina Comédia”, teu verde foi transformado no fogo avermelhado, que destrói ou destruiu.
Amazônia. “Celeiro do Mundo”, teu oxigênio abastece o Planeta.
Quantos te pagam por isto? O benefício é para todos.
O alarde mundial por tua preservação, é utopia...
O interesse está acima do ser humano.
Onde está o teu ouro? Tuas riquezas minerais? Tuas madeiras de lei?
O “Eldorado”? Tudo teu onde está?...
Teus defensores vivem em “cidades de pedras”, num deserto árido,
o verde foi destruído.
A insensatez provocou o castigo dos deuses.
Preocupam-se com o teu verde. Verdade?...
Amazônia. Onde estão teus filhos?
Bravos amazônidas como o “Caudilho da Selva”, o lendário
AJURICABA que preferiu atirar-se às águas do Negro a ser
escravo dos invasores.
Teus filhos perderam a garra, a fibra de guerreiros.
As “Amazonas” tão decantadas, os botos que engravidavam as “cunhas”, a YARA,
a Boiúna, perderam-se nas lendas.
O arco, a flecha, o tacape, a borduna estão encostados nas malocas,
Índio hoje usa filmadora, vai à Tevê, defende seus direitos a sós,
São levados como “micos” de circos de um pólo a outro.
Esqueceram a própria língua, cultura, são dizimados pela malária do branco.
As tangas trocaram pelo jeans, os “grandes chefes” perderam a voz.
As Nações indígenas falam em acordos.
Ah! AMAZÔNIA!
Quanta falta faz ao homem a perda da identidade que o fez respeitado.
Ah! TUPÃ! SENHOR DO TROVÃO!
Manda teu raio para fazer voltar a reviver a fé.
Devolve a teu povo a força, a garra do gavião, a astúcia da Raposa,
A altivez da Águia.
Um estrondo do teu raio se faria ouvir em todo o Universo a afirmação de um povo, a uma só voz.
A AMAZÔNIA É NOSSA.
Publicada no livro Mulher! Conquista Fácil! (Poesias e crônicas) editado pela
Universidade Federal do Amazonas, 1996. É mais um grito desta cabocla pura de uma raça dura. Que enfrenta a morte com a mesma garra que defende seu solo Pátrio. Ana Zélia,Manaus, 1991
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