Alegria
Ai que paz, que harmonia
começar o dia a saborear
o vai e vem das ondas do
mar e deixar que a brisa
venha de leve me acariciar
e meus cabelos, a seu modo
pentear. E não fazer nada, e
nada querer, além de saber
que se pode ter paz e alegria.
Paguei à vida o pão de cada
dia, e posso sem culpa fazer
poesia. Já foi o tempo de o
aproveitar, não ter um minuto
para descansar. Roubar à alma
a paz que pedia, e ao corpo
negar o repouso que requeria.
Exigia de mim mais do que
podia: boas maneiras, elegância
paciência e maestria, mas essa
alegria faltava-me na alma, lá só
calma e vazio havia, espectadora
de mim. Esperava enfim, que a
alegria que fingia fosse a mesma
alegria que sentia.
Lita Moniz
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