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Poesias-->Cassius Abandonado -- 14/11/2008 - 18:42 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já se passou a hora de ir-me embora.

Sinto-me péssimo,

Depressivo é este mundo.

Suportá-lo, não posso

Nem por mais

Um instante sequer.



E como diferente poderia ser

Depois de tantos sinais de quão próximo o meu fim está?

Embora não fosse supersticioso antes -

Mesmo uma noite portentosa, seus sinais desprezei!



Mas, agora, boas razões encontro para partir.

Porque Brutus, meu Mestre, suportar a sua descortesia

É realmente demais para mim!

Você demoliu a minha auto-confiança,

Acusando-me de cada ato desprezível neste guerra.



Provar o meu valor no campo de batalha,

Esta, portanto, era a minha última esperança

De reconquistar a sua admiração.



O seu nome, vim afinal a respeitar

Mais que o do meu próprio pai.

Muito cedo despojado de tal âncora na vida,

Descobri que nenhum alimento

Poderia jamais satisfazer a minha fome.



Derrotado não apenas militarmente,

Mas no fundo do meu próprio espírito,

Muitas questões afloram, agora, na minha excitada mente.

Antes que esta se entregue à vergonhosa insanidade,

Afogado de mágoas, marcho em direção à morte.



De que serviu toda a minha esperteza?

No começo da conspiração,

Eu realmente acreditava que meus objetivos fossem nobres.

Uma excelente desculpa para mais de um faltoso ato

Medido pela sua severa régua.



Como poderia ter sido diferente

No meio da louca intrepidez de uma conspiração tão ousada,

Em meio a milhares de decisões excruciantes que uma guerra requer.

Como uma fonte ressecada, a minha coragem do passado –

Testemunhada até pelo grande César – esvaiu-se para sempre.



Quando jovem e gritou por socorro em perigo de vida,

Todos sabem, em Roma,

Que fui eu, o vil Cassius, quem foi convocado para salvá-lo!



A política, cultivei-a como a minha tábua de salvação,

Acreditando, qual uma criança –

Curioso ver a situação desse ângulo agora! –

Que apenas o poder poderia preencher o estarrecedor vazio do meu espírito,

Porque o poder é tão excitante, tão sensual.



Mas por ele paguei um preço alto demais: nada de música, teatro, ou diversão.

Isso não era vida, de fato.

Trabalho, só trabalho. Nada além de trabalho.

Sempre participando ativamente de encontros tarde da noite

Com homens de propósitos obscuros, senão inconfessáveis.



Depois, fui escolhido para fazer o serviço sujo,

Pois você é como uma virgem, Brutus, mas uma virgem,

Como tantas outras que vagam por este mundo afora,

Cansada da própria virgindade.

Ansioso, como muitos cientistas,

Por brincar com suas excêntricas teorias.



Brutus, meu Mestre, eu,

Que de início senti-me culpado

Por ter tido de apelar para os mais doces argumentos

A fim de convencê-lo para meus dúbios propósitos,

Agora não posso senão achar-me

Seduzido pela sua sinceridade e, por isso,

E reduzido à mendicância –

Posto que não consigo mais viver sem a sua aprovação.



Você, um homem de idéias tão admiráveis quanto impraticáveis!

Corajosamente, enfrentei os piores perigos

Visando conquistar afeições -

Disto me dou conta agora.



Em meus sonhos, a amizade eterna

De tantos amigos quanto há estrêlas no céu não me bastava!

Eis porque desprezo aduladores – ,

Homens falsos que ousam corromper, trair o amor real.

Este, o bem mais precioso de todos os bens!



Não tive o privilégio de possuir uma esposa como a sua Portia.

Nisso, você foi um homem feliz, Brutus,

Mas amor, um alimento básico, eu temo

Que, por isso, também seja altamente perecível.



Esse raciocínio muito naturalmente fez-me ambicioso.

Se o lugar de César tinha de ser meu, eu teria de agir!

Não mais poderia esperar sucedê-lo pacíficamente.

Não me foi difícil aceitar a decisão dele

Em seu favor para a magistratura suprema.

Entretanto, quando quis se transformar em ditador vitalício,

Isso não me deixou outra alternativa:

A de me movimentar, célere, contra ele.

Entretanto, César amava-o, Brutus.

Eis porque foi tão difícil convencê-lo

A unir-se à conspiração. Você realmente tinha muito a perder,

Por dele receber um tratamento tão especial!



Não é supresa que tanto falatório houvesse em Roma

Sobre o verdadeiro relacionamento entre vocês.

Não vicioso, acredito,

Mas certamente inaugurado de forma pecaminosa.

Mas esses são pensamentos inúteis, que levam a lugar nenhum.



Jogando com a sua vaidade insuperável, tive afinal sucesso!

Desse certo a conspiração, isto é, extinto o grande César,

Eu, o mero ajudante de Brutus,

Certamente o sucederia na sua falta.



Porque você, que sinceramente abomina tiranos,

Muito cedo iria descobrir-se totalmente despreparado

Para defrontar-se com o lado sujo da política real.

Meus planos, assentados estavam em sólidas razões.



Vencedor em tantas expedições militares -

Muito mais do que você, Brutus! -,

Sempre estive ao lado de César.

Diferente de você, que de início uniu-se a Pompeu

E só mais tarde, é certo, aderiu a César.



Esta troca, eu então a considerei vergonhosa.

Pior, uma prova de que também o grande Brutus era capaz de trair,

Como a maioria dos demais, vulgares, seres humanos.



Mas, Brutus, como tantos cidadãos romanos fizeram antes,

Também eu aprendi a respeitar as suas ações,

Ações que sempre visaram o bem de Roma.



Mas, Brutus, por que não chega você agora em meu socorro?

Apenas posso suspeitar – e suspeitoso, de fato, eu sempre fui! –

Que você não tem mais afeição por mim.



Que, com Octavius vencido de vez,

Você pode exatamente estar querendo livrar-se de mim.

Ou talvez fazer-me pagar pelos meu passado de pecados!

Quem sabe aonde a sua estranha filosofia pode levá-lo!



Ainda assim, incapaz de deixar de amá-lo,

Brutus, meu irmão,

Apenas posso deixar este mundo para sempre,

Com a ajuda de um amigável

E – de novo suspeito – talvez apressado braço!





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