Naquela manhã, final de verão, depois das nove, o gerente-esperteza levantou-se. Com aquele gosto ruim na boca cambaleou até o seu banheiro. Sua mente trabalhava a mil por MBytes. Precisava encontrar alguém em quem descontar suas frustrações. Sua inveja incontida transformar-se-ia em estrondosa gargalhada quando o invejado se desse mal. Lavou-se e pegando o jornal buscou a página onde havia a coluna social. Ele estava lá. Sua foto aparecia perfeita. Sorridente, esperto ao lado de ingênuos figurantes. Aquele seria mais um recado para a oposição. Poderia ser interpretado assim: "Eu não sou fácil. Saiam da minha frente. Sou malígno e tenho a consciência do temor que provoco em meus parceiros, quando pratico maldades. Aquele medo todo recebo como respeito e admiração".
Na verdade o gerente-esperteza quando se sentia tocado por algo ruim do seu passado, vinha logo a frente mostrar sua face no jornal. Era como se dissesse: "Foi isso mesmo que você está pensando. Eu mandei te matar. Isso é real. Não bobeie que se não você não escapa mais do jeito que escapou".
O gerente-esperteza tinha muitos amigos. Alguns cônscios e outros não dos seus abjétos objetivos. Sua foto no jornal era pura provocação. Era como se dissesse: "Vai encarar? Tenho um banco poderoso que me financia. Desocupe esse lugar, seu chato!"
Mas tinha um porém: o gerentão era broxa. Tinha todo o dinheiro do mundo. Tinha carrões importados, as melhores roupas e apartamentos. Tinha tudo. Mas não tinha ereção. E lá vai Viágra. Que nada. E lá vai consulta numa tentativa de colocar prótese. E nada. Quanta mulher bonita meu Deus!!! E nadica de nada. Quando entrava no quarto com o "avião" ia logo se frustrando. Que pena seu gerente. Tinha mesmo que emagrecer. Tinha que pegar um sol, fazer uns exercícios, parar de fumar. Tinha que parar de roubar e matar as pessoas. Tinha que começar tudo de novo, seu gerentão!