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Contos-->O GATO NA JANELA -- 20/03/2001 - 15:53 (Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lá está o gato na janela. Na janela do sexto andar. Todos os dias, boa parte do dia o gato se posta no peitoril da janela e fica ali, sentado, com o peito estufado, tomando sol, quando tem sol, num poucos minutos que as paredes de concreto permitem, naquela cidade sem sol, naquela janela escondida da área de serviço, revestida pela rede de proteção. Ele é o único gato na janela. Com cara de persa, mas viralata mesmo. Viralata bem cuidado, catado na rua um dia, agora alimentado com ração, mas que aprendeu a fazer boa manha por um pedaço de carne. A área de serviço é o seu único território, seu mundo, sua cidade, sua vila agora, era a janela. A janela sempre aberta. Permitia a vista de tudo: as outras janelas, o céu, o sol, as pessoas. As pessoas lá em baixo, o entra e saí de carro, as correrias das crianças. A gritaria das crianças. Os olhos do gato eram capazes de tudo isso.Ele parecia sempre tão compenetrado. Mas nunca miava. Não tinha voz. Nem tomava banho no peitoril da janela. Amanhecia na janela. E a noite lá estava chegando e o gato contemplando o céu pela janela. Céu sempre sem estrelas ou a chuva fina de tarde, às vezes a sentir o vento na cara, balançando seus bigodes finos. Ele se encostava ali de um jeito tão peculiar que parecia que não havia rede na janela. E eu? Olhando o gato pela janela, descobri que sou um pássaro... Um pássaro na gaiola que chamam de apartamento. Suspenso no ar, seguramente e sufocadamente preso por grades, no sétimo andar. E ficamos assim, um a olhar o outro, sem se invejar. O gato não pode pular, eu não posso voar. Eu não canto, ele não mia. Vemos a noite, vemos o dia, somos quase espellhos um do outro e não apenas janelas.
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