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Contos-->DO BEM E DO MAL * -- 29/02/2008 - 08:55 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A fábula é um gênero literário que veio do conto popular. São narrativas alegóricas em prosa ou em verso próximas do mito e da poesia. A principal diferença entre o conto e a fábula é que esta transmite uma lição de moral.

A tradição esópica sempre deu ênfase à moralidade que é a verdadeira função da fábula.



ESOPO E A LÍNGUA


Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.

Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:

- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.

- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?

- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.

Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho.

Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.

- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo.

- A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir.

- Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos.

- Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?

- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.

- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra.

Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro.

Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:

- Por que vos admirais de minha escolha?

- Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios.

- Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido.

- Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social.

- Acaso podeis refutar o que digo? Indagou Esopo.

Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.

Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antigüidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.


.................................................



ESOPO


O Pai das Fábulas viveu na Grécia, aproximadamente entre os anos 570 e 620 a.C., ou seja, por volta do século VI a.C. (antes de Cristo). Responsável pela transformação da fábula em gênero literário, Esopo é tido como o criador do menor texto em prosa do mundo. De origem Frígia, região da Ásia Menor na Antiguidade, foi aprisionado na guerra entre Frígios X Helenos, tornando-se escravo da nobreza grega.

Deixou como legado 358 fábulas, a quem os estudiosos atribuem como de sua autoria.

No mundo antigo, os povos viviam em guerras internas, e os que perdiam tornavam-se escravos. Muitos deles eram homens cultos, cientistas, letrados, que pertenciam à nobreza estrangeira e ao exército. Esopo foi um deles: culto, sábio e cientista. Era um educador e um dos primeiros pedagogos (em grego: o que leva a criança), que se tem notícia.

Contava histórias em praça pública para o povo. Pequenas historietas recolhidas na Pérsia e na Frígia, sempre com um ensinamento ético e moral.

Muito prestigiado pelos atenienses, foi um hóspede brilhante na cidade, o que lhe valeu uma estátua esculpida pelo célebre artista Lisipes. Era a estátua de um homem normal, contudo, há lendas que falam que o pai das fábulas era disforme, "... o mais feio de seus contemporâneos, cabeça em ponta, nariz esborrachado, pescoço muito curto, lábios salientes, tez escura, barrigudo, pernas tortas, encurvado...", Esopo foi assim apresentado pelo monge Planudes, em um texto do século XIV, em sua obra Vida de Esopo.

Como quer que tenha sido a aparência de Esopo, o fato é que ele deixou 358 fábulas, uma obra monumental, moderna, que nos fornece uma visão critica extraordinária da natureza humana e lições de moral que hoje, decorridos 26 séculos, são no mínimo de rara beleza e impressionante atualidade.

Há controvérsias sobre sua morte. Segundo o historiador grego da época Alexandrina, Heráclides do Ponto, e de seu contemporâneo, o escoliasta Aristófanes (século III a.C. ), Esopo havia roubado um objeto sagrado. Diz ele que "Esopo visitando Delfos, escarneceu de seus habitantes porque não trabalhavam: viviam das oferendas feitas ao deus Apolo. Irritados, colocaram uma taça sagrada entre os pertences de Esopo que, ao sair da cidade, foi apanhado e acusado de roubar um objeto sagrado. Como era costume no caso de sacrílegos, Esopo teria sido atirado do alto de um rochedo".


FÁBULAS


As fábulas são pequenas histórias que reúnem homens, animais, vegetais, deuses e objetos ao redor de um acontecimento e, ao final, tiram delas um ensinamento.

As fábulas são para contar e divertir. Também servem para nos ensinar as coisas do mundo, dos homens, sobre nossas atitudes e como o que fazemos pode magoar, ferir ou fazer o bem a nós e aos outros.

Elas não são apenas uma história de bichinhos, a lição de moral está sempre ligada ao homem e não aos animais. A fábula e seu autor conseguem fazer com que o leitor pense sobre seu comportamento e sua atitude consigo e com os outros. Elas nos ensinam a pensar e a sentir.

Todos os povos do mundo criaram suas próprias fábulas. Foram encontradas no Egito, na Índia, por toda a Ásia e Europa. Mas os primeiros registros escritos surgiram na Grécia, pois é lá onde ela passa a ser considerada como um tipo de literatura.

Algumas fábulas foram escritas há mais de 2.600 anos, mas foi somente por volta do ano 1.300 que elas começam a ser coletadas e redigidas em mais de 40 pergaminhos.

As fábulas de Esopo foram estudadas por todas as escolas gregas, desde a pré-escola até a faculdade de Direito.

As fábulas de Esopo que chegaram até nossos dias foram compilados por um monge bizantinodo século XIV, Maximus Planudes, que escreveu ainda uma biografia do autor grego. Entre os títulos mais famosos figuram "A raposa e as uvas", "O cachorro e o hortelão" "O leão e o rato" e "As rãs que pediam rei".


ESTILO


Para entendermos o estilo de Esopo, é necessário que voltemos um pouco no tempo, quando somente existiam as formas de comunicação oral.

A palavra, a sintaxe, a coordenação sintática, a linguagem como gênero literário foi aos poucos sendo construída.

No início havia um vocabulário para a poesia, a que os gregos chamavam Epos (epopéia), cujo maior representante foi Homero, o poeta da corte, seguido de Hesíodo, o poeta popular. Em pleno século VIII a.C., o pensamento helênico se dirigia mais à ficção através da poesia.

No século VII a.C. surgem as elegias morais, religiosas, familiares e de amor, a forma e linguagem utilizadas eram homéricas, seguiam o padrão criado por seu poeta maior.

No século VI a.C. surgem os primeiros contadores de histórias, geralmente pessoas pertencentes à nobreza, às castas militares, que no momento em que eram aprisionadas em guerra, se transformavam em pedagogos. Essas pessoas detinham a Cultura, o conhecimento e o saber.

Este século também é o responsável pelo surgimento das primeiras escolas, quando se define a diferença entre educar (relação social) e instruir (aprendizado escolar). Surgem também as primeiras grandes guerras entre os povos, que estabelecem as primeiras relações internacionais e uma escravidão atípica. Surge a política e o direito social.

A preocupação com a ciência moral, histórica e filosófica começa a fluir no mundo grego através de pequenos textos em prosa (logos - palavra, argumento), criados pelos chamados Sete Sábios da Grécia e por meio das fábulas de Esopo, até chegarmos a Heródoto, isso no século V a.C..

Heródoto escreveu o primeiro grande livro em prosa do mundo antigo. Quanto aos Sete Sábios da Grécia, a eles se atribuem máximas como "Conhece-te a ti mesmo" e "Nada em excesso".

Já Esopo teria sido o criador de fábulas ou apólogos, pequenas histórias em que deuses, homens, animais, vegetais e objetos em geral conversam e discutem principalmente sobre problemas de moral prática. Com ele surgia a linguagem popular em prosa, onde palavra e argumento eram expostos para o público em praça pública.

Surgem os primeiros Sofistas, tidos como os primeiros professores. No século II d.C., criam-se os primeiros cursos Universitários de Direito, com a inclusão das fábulas de Esopo como estudo obrigatório do curso de Retórica.

As fábulas de Esopo foram importantes objetos de estudo durante a Idade Média, Idade Moderna e para o surgimento da Burguesia, fornecendo as bases para os principais momentos históricos até os dias de hoje.

Voltemos ao estilo de Esopo. Seus textos são concisos e bem à moda dos primeiros textos em prosa. Não raro, usa dois ou três prevérbios (prefixos de verbos), o que nos faz transformar uma oração em duas ou três. Abre mão do uso abusivo de gerúndios e particípios, e de frases começando por e e por mas. Isso acontece porque o grego foi efetivamente o primeiro povo a se preocupar com a estrutura sintática dos textos, tanto quando se trata da coordenação como da subordinação. E a língua grega dá preferência indiscutível ao emprego das orações que hoje chamamos de reduzidas.


* Fonte:


http://www.novomilenio.inf.br/ano05/0503d002.htm
http://www.concursosolucao.com.br/WA_livros_exibe.asp?id=7763&livro=F%C3%A1bulas
http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/velazquez_esopo.htm
http://www.pd-crianca.com.br/pd_2003/fabulas/junho_esopo_cfl.htm



organizado e postado por Heleida Nobrega


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