Lua Cheia ... Favorável à romances, paixões, encontros, beijos e corpos roubados, - ou diria, entrelaçados ?! - Mistério, magia, sedução. Tal é o poder da lua em inebriar-nos muito além de todo e qualquer sentido ou emoção. (Mas e a intuição e a fertilidade feminina tão presentes nesse período ?) Ainda que não acredite em lobisomens ou bruxas, a influência da lua é inegável sobre as marés, sobre o humor das pessoas e principalmente no aumento da criminalidade. Criminalidade ? Isso mesmo, afirmam alguns estudiosos, pois se há um exagero de "amor" sob o efeito da Lua Cheia, há também um quê de ataque e defesa "a flor da pele" em nossos instintos primários. Talvez, a mulher se torne potencialmente mais fêmea ao exalar sua feminilidade e o homem, (ainda) mais selvagem. Na astrologia, o lado mais obscuro de nossa personalidade é chamado de Lua Negra ou Lilith. E, sem demagogias, todos temos uma Lilith em nosso mapa natal (dia/mês/ano e horário de nascimento).
A questão é: fui assaltada ! Lua cheia ? Sim, no auge. Como mulher, eu estava a flutuar por um certo amor louco que tive e da sensação que isso me trazia ao lembrar de tal paixão (buliçosamente) imediata. Daí, foi um pulo para rever antigas paixões, corações roubados, sonhos perdidos e uma incontrolável visão de cenários imaginários. Como homens, os jovens assaltantes estavam objetivamente a farejar a presa, arquitetando minuciosamente meus passos e sinais. E, no exato momento em que me ria por dentro de tanta saudade .... - "É um assalto: cala a boca e ajoelha na árvore ! Dinheiro ! Celular !" - Em instantes, vi minha vida passar diante dos meus olhos. (Se morri ? Não. Tanto é que, escrevo-lhes esta crónica) O que perdi ? Documentos, minha bolsa e uma càmera digital. Saldo total: sobressalto, gritos, raiva e um sentimento imensurável de perda. Mas, voltando: càmera digital ?! Explico: vício barato da tecnologia na qual pude ter um novo olhar sobre a realidade. Sem buscar-me (ou perder-me) em outros olhos, outros amores. Sobrevivi como a tantos amores falidos. No entanto, algo mais havia se perdido. Uma certa inocência ? Talvez. Sonhos ? Sim.. Fui fechada para balanço, de modo que, nada mais pudesse entrar ou sair. Confiar novamente ou tentar ? Ainda é muito cedo para dizer o que aprendi e o que no tempo certo deverei expurgar (em mim).
Volto a cena, outra vez. Ouço passos, barulhos e me arrepio. À semelhança de um caso mal-resolvido. Toda 1ª vez você não esquece ... até então marcante ... e (im)perfeita. Assim como: o 1º beijo, o(a) 1º namorado(a) ou a 1ª vez em que alguém toma-se conta de que era a(o) outra(o). Naquela mesma hora, naquele mesmo domingo de lua cheia, sabemos que não estávamos sozinhos. Cada lembrança, cada mente ou coração vazio, cada êxtase espiritual ou físico nos trouxe de volta a certeza de que só estamos sozinhos e abandonados dentro de nós mesmos. Portanto, não podemos voltar e consertar tudo o que erramos ou nos fizeram de errado, muito menos, fazer com que aquela pessoa que consideramos A CERTA fique.
Será que temos estampado na testa: assaltável, digno de ser humilhado(a) e abandonado(a) Ã própria sorte ? Serão todos os amores ou tentativas de amar e ser amado, uma roubada ? A pessoa certa para a pessoa errada ou a pessoa certa na hora errada. Quem nunca passou por algo assim ? Somos constantemente observados(as), ainda que não seja, a pessoa que desejávamos. Estarei agora perto da pessoa certa, apta(o) a ser a pessoa certa no momento certo ? - "Mãos ao alto: passa a mente e o coração roubado !!!" -. Quem será a próxima vítima ?
Por Simone Magalhães - Brasília, 22/02/2005.
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