O bom cabrito não berra
Todo galo é cantador
Cachorro que late morde
Macaco é assobiador
Quando fugi da escola
Somente pra jogar bola
Entrei no chiquerador.
Essa setilha acima
É apenas analogia
Misturando o disparate
Com mera psicologia
Chegar o assunto final
Pra ficar bem informal
Numa mistura sadia.
Quem nasceu para ser canga
Nunca chega a cangalha
Quem cala solenemente
No mínimo não atrapalha,
Se a galinha criar dente
Minhoca virar serpente
Vagabundo até trabalha.
Jacaré né lagartixa
Nem morcego é rato
Só existe o esperto
Porque existe o pato
Um nasce para vencer
Outro nasce pra perder
Pior de tudo é o chato.
Platão, Sócrates, Galileu.
Quanto o Jacque custeou?
O Machado de Assis
Eu nem sei quem afiou
A rosa do garotinho
É repleta de espinho
Nem sei se um dia cheirou.
A roupa do rei de Roma
A baba do boi bumbá
Nunca vi bicho mais macho
Do que fêmea de preá
Roto escracha o maltrapilho
Há tanta falta de brilho
Que o riso dá pra chorar.
Saúdo o bom cordelista
Amo a arte do cordel
É da flor mais cheirosa
Que abelha tira o mel
Quem tem a inspiração
Rasga o próprio coração
Pra colocar no papel.
E quem chafurda na lama
Como porco quer viver
No convívio pegajoso
Cheiro horrível vai ter
Quanto mais ele se afunda
Mais lama chega na bunda
Pra com suíno parecer.
Se você pisar na merda
Momento de distração
É pra cê ficar esperto
E prestar mais atenção
Quando se pisa em estrumo
Precisa mudar o rumo
Tomar nova direção.
Se o homem veio do barro
Um dia volta a ser pó
Vai ser tudo derretido
Já nesse próximo toró
Não sou Camões nem o Dante
E nem Miguel de Cervantes
Sou Manezinho de Icó.