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cronicas-->HIPOCRISIL -- 30/04/2005 - 20:26 (Alexandre Boechat) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entrei num bar pela manhã bem cedo, para tomar um café e comprar cigarros. Quase que simultaneamente chegou um senhor visivelmente obeso e bastante alto que, com a falta de espaço, me deu um "chega prá lá" .
Observei aquela imensa superfície corporal e, apesar de ter sido o primeiro a chegar, aguardei que aquele homem fosse atendido antes de mim, mesmo porque além da aversão à confusões, eu não queria começar o dia levando uma "bifa" de um sujeito tão grande. Assim, aguardei pacientemente a minha vez que foi usurpada.
--- "Me vê o de sempre, e não esqueça do adoçante, pois estou muito pesado !" Disse o homem para o rapaz que trabalhava do outro lado do balcão.
Presumi, então, que ele já fosse freguês daquele bar.
O rapaz serviu um cafezinho "pingado" bem clarinho e, é claro, o inesquecível adoçante.
--- O senhor deseja mais alguma coisa, doutor ? Perguntou o balconista, gentilmente.
Da presunção transferi-me para a certeza.
--- Sim ! Me dê três coxinhas dessas aqui ! Respondeu o freguês, apontando para uma estufa repleta de salgadinhos, fritos naquele óleo que não serve nem para passar no pneu do carro.
Quando me dei conta, estava sentado numa praça em frente àquele estabelecimento, gargalhando desarvoradamente, tamanha a desproporção entre a justificativa do primeiro pedido e a solicitação do segundo. Logo no início do dia ? Às 07:00 hs. Da manhã ?
Passado o acesso de riso, observei que o "freguês" já havia ido embora, sentindo-me assim, seguro para voltar e tomar o meu café, buscar a minha pasta de trabalho e os meus óculos, que ficaram abandonados sobre o balcão, tamanha a velocidade que saí para rir à distància.
--- O senhor, quando saiu daqui, parecia até largada de fórmula 1 ! Comentou o balconista, olhando-me com um sorriso maroto.
--- Não foi por menos - retruquei.
Aquela pessoa demonstrou uma acentuada aberração dos seus pensamentos e atos, tamanha a incoerência do "cardápio" solicitado, assim como podemos nos deparar, também, com determinados indivíduos que passam por nós durante anos, sem sequer nos cumprimentar, e, inexplicavelmente em algumas ocasiões, quase nos carregam no colo. Por que ? Puro interesse ? Em que ?
O fingimento de uma situação, qualquer que seja a sua natureza, pode causar sérios danos ao indivíduo e à sociedade. A falsidade, por sua vez, mascara totalmente a realidade daquilo que é aparente. Engana. A `´afetação de virtude ou sentimento que não se tem", qual seja, a hipocrisia, é uma constante sobretudo entre aqueles que detém o poder, ou de alguma forma tentam alcançá-lo, seja qual for o custo.
E assim, a grande massa da sociedade, muitas das vezes, é vilipendiada no direito de manifestar a sua credibilidade naquilo que lhe é ofertado pelos dirigentes da vida pública.
Ao contrário da ingenuidade daquele freguês do bar, as inverdades tomam forma de justas e oportunas, de acordo com a conveniência de quem está investido na condição de "representante" do povo.
Embora existam, as exceções pouco se apresentam, provavelmente pelo mesmo motivo através do qual precisei me proteger para manifestar um sentimento !
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