FRUTAS BICHADAS:QUEM PAGA A CONTA?
Paccelli M. Zahler
No ano passado, o Brasil importou cerca de 48 bilhões de dólares em matérias-primas, máquinas e alimentos. Somente com maçãs e pêras, foram gastos 166 milhões de dólares. Na terceira semana do mês de março, o SVA/DFA/SP, no porto de Santos, apreendeu 125 toneladas de maçãs argentinas infestadas com Cydia pomonella. Este fato veio corroborar o alerta da DFA/RS, feito no começo do ano, de que fruticultores daquele país haviam relaxado no controle fitossanitário dos pomares e que pouco mais de 50 % das cargas de pêras estavam sendo rejeitadas na fronteira. E o pior, com Certificado Fitossanitário de que as partidas estavam livres da praga!
O Brasil produz maçãs e pêras, contudo, a produção nacional não é suficiente para abastecer o mercado. Neste caso, a solução é importar! Entretanto, imagina-se que produtos importados impliquem qualidade, pelo menos nos padrões mínimos exigidos pelo comércio internacional, e isto não vem acontecendo com produtos oriundos do MERCOSUL, dentre eles, os brasileiros. Dessa forma, toda a harmonização fitosanitária, em curso no MERCOSUL, perde sua razão de existir porque cada vez mais vem aumentando a desconfiança entre os serviços de proteção vegetal dos países membros. Além de ser uma irresponsabilidade, o comércio de produtos de baixa qualidade denigre a imagem do país exportador e quem acaba pagando a conta é o consumidor, ludibirado pela propaganda enganosa.
É assim que almejamos o Primeiro Mundo?
(Publicado no INFORMATIVO FITOSSANITÁRIO nº 3, março de 1997)
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