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Artigos-->MANIA DE LIVROS III - PEQUENO, NÃO...PEQUENINO PRÍNCIPE -- 10/04/2001 - 05:31 (denison souza borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em sinal de minha admiração por seu gênio, este texto é dedicado ao meu irmão, o cientista americano Dalton Rosário

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Se me perguntassem qual o primeiro livro que mais me marcou nos primeiros anos de leitura, eu responderia sem hesitar que este livro é Moby Dick, a história americana da baleia branca contra um homem sem perna que tentava vingar-se dela. Diante de Moby Dick, o "pequeno" Príncipe se apequena mais ainda. Começa pela grossura dos dois volumes de Moby Dick que totalizam geralmente quase mil páginas contra o "pequeno e fino" Príncipe.



Emergia eu por este tempo, ainda garoto, do fascínio do Capitão Nemo, das Vinte Léguas Submarinas e da Ilha Misteriosa; sentia ainda o cheiro da maresia oceânica, na velha casa sertaneja, a trinta léguas do mar, quando o anjo encarregado de inventar mundos fantásticos colocou em minhas mãos uma tradução em português e resumida de Moby Dick.



Mas o primeiro contato com a obra se fez pelos desenhos extraordinários de meu irmão Dalton - neste tempo ainda brasileiro - sobre a saga do capitão e a baleia. Aquelas imagens feitas em caneta esferográfica, que contava fielmente a história, nunca me saíram da cabeça. Influenciou-me aos 7 anos, pois minha linguagem ainda era mais o desenho do que a escrita. Dalton, com seu fascínio por tudo que era americano, desde então, deveria gostar muito daquela fera e de seu herói, pois fez, de próprio punho, a reconstituição em desenho da história de Herman Melville.



E até hoje, quando a maioria das leituras de infância perdeu o seu encanto, incluindo o Pequeno Príncipe, e até Julio Verne se relê com certo tédio, Moby Dick se mantém para mim interessante.

Com esta obra eu chegava a ter alucinações literárias e viver em seu ambiente aquático uma existência independente do resto do mundo firme. Se foi capaz de seduzir assim uma criança, manteve o seu prestígio quando a criança se fez adulto, e provavelmente o manterá ainda maior na velhice, quando o apelo pelo extraordinário se torna uma sede ainda maior.



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Todos conhecem - mesmo os que não leram o romance do novaiorquino Herman Melville - a história da baleia branca: a luta entre ela e o capitão Acab, que dura três dias, onde a baleia triunfa, restando apenas Ismael, para contar a história. Dizem os estudiosos da obra de Melville que ao escrever esta aventura no mar a intenção do autor era por em símbolos o eterno conflito entre o Homem e seu Destino - assim como Beethoven o pôs em sua Quinta Sinfonia - a baleia em Melville representando o Mal infinito do Universo e o capitão Acab a vontade do Homem que se opôe à essas forças.



Eu, todavia, como leitor crítico, acredito que Moby Dick transcende toda a alegoria ou interpretações de símbolos; na sua inpiedosa ferocidade a baleia branca é uma COISA em si; coisa que não acontece ao Pequeno Príncipe.

A criança que lê o drama da fera no mar e não entende de símbolos e nem de interpretações profundas, sente esta grandeza com toda a força, apenas na sua representação física e material; e eu senti isto nos desenhos sinceros do meu irmão Dalton, cheio de paixão pelo heroísmo humano.



Mas Moby Dick é também a Eterna Fera do Sistema, os impostos e dívidas do trabalhador comum que somos,o Sistema que julga K em o Processo de Kafka, o sistema que aniquila O Estrangeiro de Camus e o doente do Subterrâneo de Dostoievski; é também a Natureza descontrolada pelo próprio Homem que a enfrenta como herói. Um duelo, como vemos a cada instante no dia-a-dia, entre duas forças antagônicas, nos convencendo de que nem a vastidão dos setes mares será capaz de os exaurir.





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E a baleia continua a nadar pelo oceano misterioso...e quanto ao príncipe...bem...o espaço sideral nunca foi, para mim, uma boa morada.













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