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cronicas-->A SABEDORIA E O CÃO -- 03/05/2005 - 15:20 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A SABEDORIA E O CÃO

Sei que todos podem dizer o mesmo do seu pai, mas o meu foi o homem mais sábio e bom que conheci... Não era culto, mas sábio.
Embora eu tenha uma reconhecida semelhança física com ele, fico muito mais contente quando alguém diz ou mesmo insinua que tenho a alma parecida com a dele. E fico mesmo orgulhoso comigo mesmo quando vejo em mim um vislumbre do que vi nele a vida toda. E é com esse orgulho à flor da pele que vou contar essa que nos aconteceu...
Temos em casa um cachorro, o Guib, que é o dodói da minha mãe. Esse é o apelido dele. O nome mesmo é Gibson, porque minha mãe acha que o Mel é a cara dele. (Isso mesmo, o Mel é que se parece com ele e não o contrário). Ela o tem mesmo como uma pessoa da família e às vezes até tenho um pouco de ciúmes de como ela o trata, e de como conversa com ele deitado ao seu colo... Ele parece entender tudo que ela fala e também entende (no meu entendimento), todos os sentimentos dela como eu não entendo. E nisso perco muito para o meu pai que adivinhava tudo que ela pensava mesmo sem trocarem uma palavra sequer. E preciso confessar que nessa também perco em muito para o cachorro.
Moramos longe da cidade e meio afastados dos vizinhos. Tanto os da direita como da esquerda. Sempre que vamos à cidade o Guib é quem cuida da casa. Mas dias atás tivemos que sair às pressas e o esquecemos preso. Quando chegamos de volta ele estava todo machucado. Alguém o encontrou preso e o tinha apedrejado. Fiquei mais penalizado com a reação de choro da minha mãe que propriamente com o animal machucado.
Bem, era isso que eu queria contar: Minha mãe ficou o tempo todo falando do "nenezinho da mamãe que estava dodói". Ficava também lembrando do meu pai e dizendo que ele seria capaz de saber quem tinha feito aquilo com o bichinho... Então foi que eu, mais uma vez com ciúmes, disse que também tinha como descobrir e passar a maior vergonha na pessoa que fez isso. Então ela disse que era próprio do meu pai saber quem era, mas nunca ir brigar com a pessoa. Eu respondi que também não precisava brigar com ninguém pra passar uma vergonha nela.
No outro dia eu levantei de madrugada para fazer minha caminhada. Fui até a casa do Guib e peguei as pedras que ainda estavam lá. Passei na porta de casa no monte de pedras de onde aquelas tinham sido retiradas e peguei mais algumas. São umas pedras brancas que colocamos na grama como enfeite. Coloquei quantidades quase iguais em dois saquinhos plásticos e fui em cada uma das casas dos vizinhos mais próximos e coloquei um montinho das pedras do lado de dentro dos portões de cada um deles.
Mais tarde, depois que eu tomei banho, o vizinho da direita veio me entregar as pedras dizendo que eu desculpasse, porque não entendia como elas tinham ido parar na porta dele... No outro dia as pedras que eu coloquei na porta do vizinho da esquerda apareceram dentro do saquinho do lado de dentro do nosso portão.
Alguns dias depois minha mãe disse que estava achando o vizinho da esquerda meio estranho, com um jeito de quem estava se escondendo dela. Aí eu não contei pra ela que ele tinha apedrejado nosso cachorro, porque me lembrei que meu pai não faria isso para que não surgisse uma inimizade...

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Adelmario Sampaio
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