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cronicas-->O PONTEIRO -- 09/05/2005 - 09:39 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PONTEIRO


Fernando Zocca

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No sábado cedo, quando todos os demais integrantes da comunidade ainda dormiam, Van Grogue sob pressão do tropismo, já aguardava sentado num toco, a abertura do boteco.
Naquela manhã, o silêncio na rua, era tão notável, que o Van ouvia até o zunido das asas da mosca faminta, voando rasante sobre seu cocuruto.
Rildo aproximou-se, pé ante pé, do amigo absorto ao sol, e pensando agitar-lhe a alma com uma saudação matinal retumbante detonou:
- Bom dia! - O som saiu tão forte que o chão estremeceu, as vidraças vibraram, alguns pássaros se desequilibraram nos galhos e os cães assustados ladraram frenéticos.
Rildo pensava: "Pedir ao Van Grogue que pare de beber é o mesmo que solicitar aos galos, o cessar dos cocorocós, na alvorada."
Ante a face demonstrativa de susto (aquela aura de espanto), apresentada pelo Van, Rildo disse-lhe assim, na bucha:
- Van: contra-regra não é um sujeito revoltado com as normas. O pobre Van assustado, arregalou os olhos e como se perguntasse: "Que raio de patacoada é essa, ou o que fiz eu pra merecer esse castigo?", pediu ao adventício que não lhe enchesse o saco.
Rildo voltou à carga e mandou:
- Van, cê já viu o filme novo sobre as diaristas? Ta passando lá no cine Palácio. O título é A pança da Severina.
Rildo sentindo-se chateado, com tanto entusiasmo inoportuno do parceiro, tentou virar o jogo:
- Você é daqueles que acham ser dengoso o cara acometido pela dengue. Faz parte daquela turma de analfabetos, crédulos, supersticiosos, sugestionáveis, e agressivos que insultam pensando na vantagem financeira ou alívio tensional. Quem se dispuser a identificar as causas, desse comportamento maldoso, não pode desconsiderar a idéia da inveja do pênis.
Haurindo uma lufada de ar fresco, Van prosseguiu com a palestra:
- Mas... talvez a auto-afirmação seja o recheio de tanta impiedade. Rildo ironizou:
- Hum... como está a gazela... gastando o verbo coisa?
Van Grogue percebeu que o chato perdera a graça e continuou:
- Você é igual àquele radioamador cego, mal humorado, barrigudo e desocupado, que passa a maior parte do dia sentado no banco da praça, assuntando a vida alheia, dotado de antena fincada no quintal, e que pra se compensar, durante a noite, promove interferência nas tevês da vizinhança. Um broxa chatíssimo.
De táxi chegou Kol da Mumunha. Tinha uma bituca no canto direito da boca. Puxando um amontoado de notas amarrotadas do bolso traseiro e tentando firmar a vista no amarfanhado, perguntou quanto era a corrida.
Kol pagou sua conta e reuniu-se aos outros dois que esperavam a abertura das portas do inferno.
Algumas mulheres reunidas numa das casas vizinhas, sob consenso, assopravam palavras indutoras da discórdia. As frases soltas inspiravam idéias egoísticas nos três.
Entre os homens os assopros eram quase inaudíveis. O limiar da percepção, alterado pela ingestão frequente do álcool, não impedia a perceptividade de alguns sons estimuladores de condutas desagregadoras. Era o diabo operando.
A sugestibilidade, produzida pela cachaça, colocava os pobres bêbados, dependentes do meio a que estavam sujeitos.
Quando Rosana abriu as portas do bar, notou o clima hostil imperando entre os primeiros fregueses do dia.
O ànimo dos homens era tal que poderiam, com a maior facilidade, jogar bombas e praticar atentados contra os empresários cobiçosos.

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