Eu vivia tristinha... ficava pensando nas horas
de castigo que passava sozinha em casa aos
cuidados da babá...
O que eu mais queria era brincar...
Na minha idade estudar não fazia parte de
minhas brincadeiras.
Minha mãe ditava as regras e saía para trabalhar.
Meu pai deixava-me na porta do Colégio bem
cedinho e... na saída a babá estava lá a me
esperar...
Chegava em casa cansada e ia descansar
deitadinha no sofá.
Mas... a babá... a ditadora... lá vinha:
Vá pro seu quarto se trocar,
pendure o uniforme,guarde os sapatos e
a pasta no lugar...
lave as mãos e venha almoçar.
Eu não agüentava mais ouvir suas ordens!
Depois do almoço, a bandeira branca agitava-se
no ar, uma hora de trégua, aí eu podia descansar, ficar de perna pro ar!
Obá!!!!!
Depois disso, a babá me trancava no quarto
pra eu estudar.
Dizia que se não usasse a chave eu poderia me
dispersar.
Não sei em que museu ela andou, pra encontrar
um ampulheta gigante de vidro azulado...
cheinho de areia rosada!
Ela pendurava a ampulheta na parede, do lado
de fora do meu quarto, contando o tempo
que eu levava, pra terminar meu para casa.
Eu sabia que a danada me espiava pelo buraco da
fechadura.
Então, um dia, fiz uma bolinha de papel
e tapei o buraco, pra ver o que ela fazia.
Não demorou meio segundo, pra abrir a porta
e retirar a bolinha do buraco da fechadura.
A danada não reclamou, não falou nada!
Ás vezes, cansada de tanto estudar,
eu levantava e me espreguiçava muito emburrada... e pensativa.
Imaginava a babá me espiando por uma rachadura,
inexistente, na parede do meu quarto.
Meu pensamento imaginava e voava!
Imaginava também uma enorme tesoura me provocando,
porque meu maior desejo era cortar a cordinha que
sustentava a ampulheta,
do lado de fora do meu quarto.
Cada vez mais emburrada... e com muita raiva
da babá... em meu pensamento muito maldoso,
vi a babá... e a ampulheta voando pelos ares,
explodindo feito rojão!!!
Ai... ai...
Que bom!!!