Um cara jaz aqui.
Outro cara jaz alí.
Mais outro jaz acolá.
Derramam o sangue violentado
Que a terra sorve, sedenta.
Generosa é essa terra,
Pois o que nela se planta
Um dia se colherá.
Mandioca e desatino,
Feijão com raiva e morte.
O que uma geração semeia,
A outra haverá de colher.
Um cara jaz no Pará.
Outro cara jaz na Bahia,
E mais um jaz no Pontal.
Mas o Brasil só acredita
Na notícia do jornal - nacional.
Em toda parte há luta
Por um punhado de terra.
Mas o homem que labuta,
- Esse filho da puta!
Só terá a cova rasa,
Como disse o João Cabral.
A vida torna-se um luxo
E a morte, coisa banal.
aschelminto@hotmail.com |