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Contos-->O coqueiro -- 22/04/2008 - 20:04 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O coqueiro

Fernando Zocca

Luisa Fernanda era considerada, por suas companheiras de agência bancária, a mais chata e pedante pessoa, jamais vista contratada por tanto tempo, nos domínios dos usureiros tupinanbiquences.
No ambiente bancário ela mantinha sempre o nariz empinado, como se tivesse a observar tudo e a todos de cima. Alguns diziam que ela atribuía a si mais valor do que realmente possuía.
Luisa Fernanda, com aquele seu penteado indefectível, o olhar fixo, (prenúncio de algum dano neurológico), de certa forma, quando em local mais elevado na agência, parecia o Popeye arvorado no mastro do navio, a perscrutar o horizonte.
O pior de tudo não era sua arrogância, sua empáfia, a soberba de quem se julgava a dona do mundo, a rainha das cocadas brancas e pretas. Não, o pior de tudo era o fato de que a mocréia legítima, era mesmo analfabeta.
Mas como? poderia meu afetuoso leitor perguntar. Como pode uma pessoa que não sabe ler nem escrever, ocupar um posto de tal importância burocrática, como esse de chefe de seção, de agência bancária?
Acontece que Luisa Fernanda fazia parte da seita maligna do pavão-doido e por isso, os destaques a ela dados, não eram nunca por méritos próprios, mas sim por ação dos traficantes de influência.
Luisa Fernanda sentia mesmo muito prazer quando percebia ter enganado alguém. Assim nos diálogos, dos encontros que se davam, durante o dia todo, no período de expediente, ela se deixava dominar por aquela sensação orgiástica que brotava das suas entranhas, depois que se certificava ter alguém crido numa informação falsa, passada por ela.
Na verdade Luisa era uma mitomaníaca. Se fosse possível a constatação da inexistência de falsidades nas palavras que dizia, durante as poucas horas diárias que passava sem beber, poder-se-ia afirmar também, sem dúvida nenhuma, que o Corinthians era o campeão paulista em 2008.
Luisa Fernanda era louca. Quando encasquetava com alguma coisa, meu amigo, saísse da frente eis que a bicha era mesmo fera. Numa ocasião ela achou que o coqueiro que vicejava na casa vizinha, estava sendo atacado por algum tipo de praga e que logo contaminaria o pé de acerola, mantido por ela, ao lado de sua piscina de águas turvas.
Mas o que faria essa matusquela para ter certeza de que do tal coqueiro não saiam as pragas que prejudicariam as demais árvores do entorno? Era difícil convencê-la a não arrumar confusão com o vizinho. Seria mais fácil ver do coqueiro brotar limões.
Acontece que numa tarde de domingo, ali pelas 17 horas, uma visita inusitada, chegou com a desculpa de vê-la, por não suportar mais tanta saudade. No fundo, bem lá no fundo, o visitante desejava mesmo era aproveitar aquele estoque enorme de cervejas geladas, mantidas discretamente por Luisa, no freezer horizontal, dormente num canto da cozinha.
O visitador, durante a degustação da quinta lata de birra, ensinou à mocréia que para acabar com aquele coqueiro infectado, ela deveria fazer uma simpatia.
A tal simpatia consistia em atravessar uma ponte duas vezes, uma na ida pulando com o pé direito e outra na volta, pulando também, mas com o pé esquerdo. Se não caísse e não cruzasse com ninguém no caminho, o coqueiro secaria por si. Mas se houvesse algum percalço, então os tais cocos do coqueiro poderiam mesmo fazer muito mal ao seu pé de acerola.
você já viu alguma coisa mais ridícula do que uma mocréia legítima usando o uniforme do Corínthians, mas tendo nos pés um par de chinelos duas vezes maior do que o número necessário, num anoitecer de domingo, pulando igual a um saci-pererê tentando atravessar uma pinguela, construída por Jarbas o caquético, na orla de Tupinambicas das Linhas?
Pois essa era, meu amigo, minha amiga, e senhoras donas de casa, a tal Luisa Fernanda, do banco Brafresco, a mocréia autêntica, que temperava a comida de crianças com carrapaticida. Ela sempre foi e sempre será a verdadeira e única rainha das ladeiras tupinambiquences.
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