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Infanto_Juvenil-->COBRA ENGOLINDO COBRA -- 15/03/2004 - 14:54 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


COBRA ENGOLINDO COBRA

[É justo morrer do próprio veneno...]

A Cobra-do-Brejo, era o terror de todos os sapos. Diziam que ela costumava permanecer numa lagoa, até devorar o último sapinho que houvesse. E somente quando dava sua missão por cumprida, é que mudava para outra lagoa, e a história se repetia.
Contam até, que ela acabou com a família toda do sapo cururu, os antigos habitantes da Lagoa Grande, e que como troféu, guardava o couro inteiro do chefe dos batráquios.
Mas estas são estórias de terror que os amedrontados sapos contam, e é sabido que o medo, aumenta o tamanho do fantasma.
E se era ou não verdade a terrível fama da cobra, o certo é que os habitantes da última lagoa povoada do brejo, estavam apavorados. A notícia tinha espalhado pelos pobres sapos como o efeito de uma bomba, e eles tremendo de medo, não comentavam outra coisa. Diziam que a terrível serpente não tinha mais a quem comer nas outras lagoas, e estava chegando para acabar com a raça deles, como aconteceu com a família dos cururus.
Então o chefe da Saparia, convocou uma reunião, para discutirem o que deveria ser feito. E discutiram muito, mas sem chegarem a uma solução. Todos falavam, mas a cada sugestão, surgia um problema a ser resolvido. Já estava tarde, e estavam todos desanimados, quando um sapinho teve uma idéia, e pediu a palavra:
_ Senhor presidente! – disse levantando o dedo.
_ Pode falar!...
_ E se todos nós revezarmos na vigilância da lagoa? E assim que o monstro aparecer, todos serão avisados através de um sinal combinado!...
Todos acharam a idéia genial, e um instante depois, o sapinho que antes nem era conhecido, foi promovido a Organizador da Guarda dos Sapos em Apuro.
Um dia não muito depois, a terrível serpente chegou com toda a sua mudança, e se instalou como uma rainha num buraco perto do barranco da lagoa. Os que a viram contam, que não era assim tão grande como era sua fama. Na verdade era mais gorda que grande.
Então a malvada no outro dia, veio fazer uma inspeção na área. Olhou para todos os lados, e não viu nenhum sapo. Achou estranho, porque estava muito bem informada de que ali existia uma quantidade muito grande deles. Mas como não era boba, investigou o ambiente, e viu as marcas das patas deles no brejo em volta. Disfarçou, e voltou para sua morada, fingindo contrariedade, mas sabendo que embora não pudesse ver, ali por perto tinha muita comida. Não precisava se apressar que eles apareceriam mais cedo ou mais tarde.
No outro dia, resolveu dar mais uma olhada na lagoa. Veio toda requebrando como fazem todas as cobras chiques, exibindo-se como se fosse a rainha dos brejos. E deu um mergulho na lagoa, nadou de um lado a outro, e estanhou que não visse um sapo sequer. Começou então a duvidar das suas pesquisas. Devia ter colhido informações erradas dessa vez.
Passou mais um dia, e voltou à lagoa na esperança de que visse pelo menos um sinal de que os sapos estivessem por ali. Mas não viu nada, a não se o seu rasto. e ficou admirada de que tivesse engordado tanto. Era até bom mesmo os sapos se esconderem um pouco, porque estava mesmo precisando de um regime. O seu rasto mostrava que estava muito acima do peso... Credo, estava até parecendo uma boiúna!...
Como tinha vindo muitas vezes à lagoa sem ver nada para comer, pensou num plano, e foi logo colocando em prática: Foi até sua casa, e pegou o couro do sapo cururu, que tinha guardado, levou até à beira da lagoa, entrou nele, e ficou coaxando como um sapo, com toda as forças dos pulmões.
Coaxou muitas vezes, escutou, e não ouviu nenhuma resposta. Repetiu o coaxar, e quando já ia desistir, ouviu um barulho. Coaxou mais uma vez, e o barulho chegou mais perto. Deviam ser os sapos curiosos. Então reuniu suas forças, e foi ouvida por todos os cantos da lagoa. O barulho que ouviu estava bem perto, e ela quase não suportava a curiosidade, e por pouco não olha pela boca do couro do cururu, mas ficou quieta, e repetiu o coaxo. O barulho estava bem pertinho dessa vez, e ela não suportou mais, e olhou por uma fresta da boca do sapo, e viu bem perto, mas muito perto mesmo, a boca enorme da boiúna vindo na sua direção. Não deu tempo de fazer nada. Mesmo porque não tinha por onde fugir, a não ser pela boca do sapo, que já estava quase encostando na boca da enorme cobra... Sentiu quando estava sendo engolida, e não viu tudo ficou escuro de repente.
Depois da refeição, a boiúna deu um silvo, e o sapinho, aquele mesmo, o novo chefe, veio correndo, já pulando de alegria com o resultado. Chegou, e viu a enorme cobra com a barriga estufada, e perguntou:
_ Tudo pronto?
_ Ela olhou para a enorme barriga, e disse:
_ Está aqui!...
Então o sapinho deu um assovio, e apareceram os sub-vigias.
_ Missão cumprida! - disse o sapinho. E acrescentou: - Chamem os outros que hoje é dia de festa.
Os sub-vigias deram um assobio, e ouviram o eco mais longe, e outro eco, e em pouco tempo, todos os sapos estavam perto, um pouco assustados de verem a enorme boiúna. Mas a cobra percebendo o constrangimento, disse em voz alta:
_ Amigos, hoje foi um dia especial para todos nós!... Não posso ficar para a festa de vocês, porque tenho um compromisso. Foi uma honra para mim servir a todos. Aliás, eu também fui beneficiada, porque há muito tempo que eu não comia uma comida tão gorda como a de hoje...
Enquanto falava, sua barriga remexeu. Então ela disse sorrindo:
_ Tenho que andar, senão vou ter uma indigestão!... Fiquem sossegados, e podem me chamar se for preciso.
Os sapos aplaudiram quando ela se arrastava com aquele andar pesado e preguiçoso de quem tinha comido demais...
Os sapos todo ano comemoram o dia em que a cobra engoliu a cobra. e é por isso que até hoje existe esse ditado:
"É cobra engolindo cobra!"

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Adelmario Sampaio
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